quinta-feira, 31 de outubro de 2013

com os dentes cravados na memória


com os dentes cravados na memória
soletro teu nome: g l a u b e r r o c h a

esta santa cruz traz à lembrança
nossa senhora da desesperança
me mostre o algum altar
no sacramento enquanto invento
o meu tempo de sonhar




Maria Cecília e Patrick Nogueira - na Oficina de Produção de Vídeo

Projeto: Do Ponto de Vista dos Jovens A Cidadania e o Modo de Vida em São João da Barra - Projeto de Pesquisa/FAPERJ - Projeto de Extensão/UENF - Programa Jovem Cientista - Juventude e Desenvolvimento no Norte Fluminense: um estudo sobre os impactos do empreendimento do Porto do Açu. ( FAPERJ)
Coordenação do Projeto: Drª Wania Mesquita 
Direção da Oficina de Produção de Vídeo: Artur Gomes 




Jura Secreta 34


te amo e amor não tem nome pele ou sobrenome não adianta chamar que ele não vem quando se quer porque tem seus próprios códigos e segredos mas não tenha medo pode doer pode sangrar e ferir fundo mas é razão de estar no mundo nem que seja por segundo por um beijo mesmo breve porque te amo no sol no sal no mar na neve




ConkrEreções

qualquer palavra eu invento
na carnadura dos ossos
na escridura do éter
na concretude do vento
na engrenagem da sílaba
vocabulário onde posso
dar nome próprio ao veneno
que tem no agro negócio

Artur Gomes



terça-feira, 29 de outubro de 2013

mané garrincha o craque do riso

(almandrade - instalação / 1979 - "pense o jogo")


MANÉ GARRINCHA UM CRAQUE DO RISO
Por Almandrade 
(para lembrar os 80 anos do palhaço da bola)

O personagem mais singular da história do futebol, Mané Garrincha, não era um atleta, talvez um artista, com certeza um craque da humildade, virtuoso e estilista, que encontrou no drible uma forma de encantar a vida. Mais do que um jogador genial, ele transformou o futebol num espetáculo delirante cujo objetivo principal não era ganhar ou perder, e sim o riso. O próprio declara numa entrevista: “Para ser sincero eu preferia driblar a fazer gol, mas como a única maneira de ganhar os jogos era colocando a bola na rede, de vez em quando eu fazia meus golzinhos”. Quando Garrincha jogava o estádio parecia mais um teatro ou um circo.

Chamou a atenção do mundo com seus dribles precisos e desconcertantes, improvisados na hora certa de suas pernas tortas que bailavam contrariando a anatomia, um Charlie Chapin alegrando multidões. Sempre cordial e imarcável, ingênuo até. Deixava o marcador perdido, sem saber o que fazer no gramado, era certo sua passagem pela direita, mas ninguém tinha certeza do momento. Para as torcidas que não economizavam gargalhadas, até mesmo a adversária, não interessavam mais o resultado do jogo, e sim contemplar o show do craque. Um “santo do riso”, alegria dos que tiveram o privilégio de assisti-lo. “Foi um pobre e pequeno mortal que ajudou um país inteiro a sublimar suas tristezas”, palavras do poeta maior Carlos Drummond de Andrade.

Garrincha foi um caso aparte, uma exceção. Sua relação poética e lúdica com a bola era de um deus brincando com o mundo para divertir seus santos. Na elegante crônica do escritor, dramaturgo e jornalista esportivo Nélson Rodrigues, Garrincha não precisava pensar: “Tudo nele se resolve pelo instinto, pelo jato puro e irresistível do instinto. E, por isso mesmo, chega sempre antes, sempre na frente, porque jamais o raciocínio do adversário terá a velocidade genial do seu instinto”. Um bailarino? Desafiou, subverteu as concepções do futebol europeu e solicitou do espectador outra atenção e sensibilidade para o jogo. Mané é uma referência inédita para um futebol que não mais existe.

Jogar bola para ele era uma forma de encarar a vida, não importava a partida, fosse da copa do mundo ou uma pelada entre amigos, o prazer era o mesmo. E a vida, é uma brincadeira que passa rápido, como passou a agilidade de suas pernas, vencido pelo cansaço, pela boemia e pelo álcool, a alegria foi finalizada pelo apito do tempo. “A tristeza não tem fim, felicidade sim.” diz a indiscutível perfeição da voz de João Gilberto na brilhante interpretação da canção de Tom e Vinícius.


Almandrade
(artista plástico, poeta e arquiteto)

edicaolimitadadegravuras.com.br/almandrade.html


Prezado,

o coordenador do NAC (Núcleo Artístico e Cultural) da FACHA (Faculdades Integradas Hélio Alonso) Sady Bianchin, tem o prazer de convidá-lo para o coquetel de abertura do projeto "Rio de Versos- II Mostra Brasileira de Poesia" dia 30 /10 às 18h na biblioteca da Facha, (Rua Muniz Barreto, 51 Botafogo) com a exposição “Experimentalidades Idiossincréticas” de Tchello d'Barros.


Atenciosamente
Natalia Lessa
NAC FACHA





com os dentes cravados na memória soletro teu nome i t a b i r a pedra que brilha em minha carne encravada dentro a terra no silêncio absoluto santa ira santa quando berra em tudo que se encerra no cerne do minério bruto

Artur Gomes
www.artur-gomes.blogspot.com






Jura Não Secreta

quero dizer que ainda arde tua manhã em minha tarde a tua noite no meu dia tudo em nós que já foi feito com prazer ainda faria quero dizer que ainda é cedo ainda tenho um samba/enredo tudo em nós é carnaval é só vestir a fantasia quero ser teu mestre/sala e você porta/bandeira quando chegar na quarta-feira a gente inventa outra fulia.

Artur Gomes 
www.pelegrafia.blogspot.com




o amor não apenas uma nome que anda por sobre a pele um dia falo letra por letra no outro calo fome por fome é que a flor da tua pele consome a pele do meu nome

artur gomes
www.artur-gomes.blogspot.com




Jura Secreta 54

moro no teu mato dentro não gosto de estar por fora tudo que me pintar eu invento como o beijo no teu corpo agora desejo-te pelo menos enquanto resta partícula mínima micro solar floresta sendo animal da mata  atlântica quântico amor ou meta física tudo que em mim não há respostas metáfora d´alquimim fugaz brazílica beijo-te a carne que te cobre os ossos pele por pele pelas tuas costas
os bichos amam em comunhão na mata como se fosse aquela hora exata em que despes de mim o ser humano
e no corpo rasgamos todo pano e como um deus pagão pensamos sexo.

artur gomes
www.tvfulinaima.blogspot.com



em frente em mim agora montanhas por trás dos edifícios a lírica passeia lá fora foi dar um mergulho entre as aves que despertam meu sentido pássaro para que mesmo entre um vôo e outro não tire os meus pés do chão




Jogo de Búzios

Ogum não permitiu que Iansã doasse o coração para xangô e deu-se num trovão pela manhã o seu amor Oxossi em cada um Exu de sangue e ferro então mandou cortar meu coração em mais pedaços assim se fez sem nenhum berro por isso tens-me aqui entre os seus braços oxalá então cantou vendo a magia fez a terra estremecer de africania América quem sabe porque canto de alegria quando choram nos meus olhos todos mares da Bahia fazendo um doce mar ficar Oxum um velho doce mar ficar Oxum

arturgomes/paulo ciranda
www.goytacity.blogspot.com

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

1º Vídeo do Circuito Cultural de Arte Entre Povos


 

1º Vídeo do Circuito
4° Circuito Cultural de Arte Entre Povos
Fragmentos de Atividades realizadas nos dias 9 e 10 de agosto de 2013 no Centro Cultural Luciano Bastos em Bom Jesus do Itabapoana-RJ

http://www.youtube.com/watch?v=grDV_IoNHxc&feature=youtu.be

sendo pedra


ou sendo ferro
se é dor que sinto
berro












VeraCidade 2

voraz cidade

perdi teu endereço
atravessado na augusta
dou de cara na paulista
intoxicada de neon
multi gases dos esgotos
pelos poros das narinas
não tem mais cor a cocaína
nem sabor o absinto
pelas ruas crack solto
entre a carne das esquinas
nem sou punk nem sou dark 
mas tenho o cheiro das meninas
das mulheres desse parque
sordidez cinismo raso
da burguesa cafetina 
hipocrisia solidária
é o que restou desta latrina


Artur Gomes




quarta-feira, 9 de outubro de 2013

artur gomes é um dos poetas homenageados no 27 Psiu Poético



Baby cadelinha

devemos não ter pressa 
a lâmina acesa sob o esterco de Vênus 
onde me perco mais me encontro menos 

de tudo o que não sei 
só fere mais quem menos sabe 
sabre de mim baioneta estética 
cortando os versos do teu descalabro 

visto uma vaca triste como a tua cara 
estrela cão gatilho morro: 
a poesia é o salto de um vara 

disse-me uma vez só quem não me disse 
ferve o olho do tigre enquanto plasma 
letal a veia no líquido do além 
cavalo máquina meu coração quando engatilho 

devemos não ter pressa 
a lâmina acesa sob os demônios de Eros 
onde minto mais porque não veros 

fisto uma festa mais que tua vera 
cadela pão meu filho forro: 
a poesia é o auto de uma fera 

devemos não ter pressa 
a lâmina acesa sob os panos quem incesta ? 
perfume o odor final do melodrama 

sobras de mim papel e resma 
impressão letal dos meus dedos imprensados 
misto uma merda amais que tua garra 
panela estrada grão socorro: 
a poesia é o fausto de uma farra 



Pontal Foto Grafia

Aqui, 


redes em pânico 
pescam esqueletos no mar 
esquadras - descobrimento 
espinhas de peixe convento 
cabrálias esperas 
relento 
escamas secas no prato 
e um cheiro podre no 
AR 

caranguejos explodem mangues em pólvora 
Ovo de Colombo quebrado 
areia branca inferno livre 
Rimbaud - África virgem 
carne na cruz dos escombros 
trapos balançam varais 
telhados bóiam nas ondas 
tijolos afundando náufragos 
último suspiro da bomba 
na boca incerta da barra 
esgoto fétido do mundo 
grafando lentes na marra 
imagens daqui saqueadas 
Jerusalém pagã visitada 
Atafona.Pontal.Grussaí 

as crianças são testemunhas: 
Jesus Cristo não passou por aqui 

Miles Davis fisgou na agulha 
Oscar no foco de palha 
cobra de vidro sangue na fagulha 
carne de peixe maracangalha 
que mar eu bebo na telha 
que a minha língua não tralha? 
penúltima dose de pólvora 
palmeira subindo a maralha 
punhal trincheira na trilha 
cortando o pano a navalha 
fatal daqui Pernambuco 
Atafona.Pontal.Grussaí 

as crianças são testemunhas: 
Mallarmè passou por aqui. 

bebo teu fato em fogo 
punhal na ova do bar 
palhoças ao sol fevereiro 
aluga-se teu brejo no mar 
o preço nem Deus nem sabre 
sementes de bagre no porto 
a porca no sujo quintal 
plástico de lixo nos mangues 
que mar eu bebo afinal? 





terra de santa cruz

ao batizarem-te
deram-te o nome:
posto que a tua profissão
é abrir-te em camas
dar-te em ferro
ouro
prata
rios
peixes
minas
mata
deixar que os abutres
devorem-te na carne
o derradeiro verme

salgado mar de fezes
batendo na muralhas
do meu sangue confidente
quem botou o branco
na bandeira de alfenas
só pode ser canalha
na certa se esqueceu
das orações dos penitentes
e da corda que estraçalha
com os culhões de tiradentes


salve lindo pendão que balança
entre as pernas abertas da paz
tua nobre sifilítica herança
dos rendez-vous de impérios atrás

meu coração
é tão hipócrita que não janta
e mais imbecil que ainda canta:
ou
viram no ipiranga às margens plácidas
uma bandeira arriada
num país que não levanta

só desfraldando a bandeira tropicalha
é que a gente avacalha
com as chaves dos mistérios
dessa terra tão servil
tirania sacanagem safadeza
tudo rima uma beleza
com a pátria mãe que nos pariu

bem no centro do universo
te mando um beijo ó amada
enquanto arranco uma espada
do meu peito varonil
espanto todas estrelas
dos berços do eternamente
pra que acorde toda essa gente
deste vasto céu de anil
pois enquanto dorme o gigante
esplêndido sono profundo
não vê que do outro mundo
robôs te enrabam ó mãe gentil

telefonaram-me
avisando-me que vinhas
na noite uma estrela
ainda brigava contra a escuridão
na rua sob patas
tombavam homens indefesos
esperei-te 20 anos
ate hoje não vieste à minha porta


o poeta estraçalha a bandeira
raia o sol marginal quarta feira
na geléia geral brasileira
o céu de abril não é de anil
nem general é my brazil
minha verde/amarela esperança
portugal já vendeu para frança
e coração latino balança
entre o mar do dólar do norte
e o chão dos cruzeiros do sul

o poeta esfrangalha a bandeira
raia o sol marginal sexta feira
nesta porra estrangeira e azul
que há muito índio dizia:

meu coração marçal tupã
sangra tupy & rock and roll
meu sangue tupiniquim
em corpo tupinambá
samba jongo maculelê
maracatu boi bumbá
a veia de curumim
é coca cola & guaraná

o sangue rola no parque
o sonho ralo no tanque
nada a ver com tipo dark
e muito menos com punk
meu vício letal é baiafro
com ódio mortal de yank



ó baby a coisa por aqui não mudou nada
embora sejam outras siglas no emblema
espada continua a ser espada
poema continua a ser poema

Artur Gomes

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

poesia do brasil


Assombros

Às vezes, pequenos grande terremotos
Ocorrem do lado esquerdo do meu peito.

Fora, não se dão conta os desatentos.

Entre a aorta e a omoplata rolam
alquebrados sentimentos.

Entre as vértebras e as costelas
há vários esmagamentos.

Os mais íntimos
já me viram remexendo escombros.
Em mim há algo imóvel e soterrado
Em permanente assombro.

Affonso Romano de Sant´Anna
Poesia do Brasil – Vol. 17
Ed. Grafite – XXI Congresso Brasileiro de Poesia
Bento Gonçalves-RS – Outubro 2013




Enredo para quarta-feira

claro como ver o sol
que brinca feito um gato
na contradança real da cidade
escarrando na manhã dos favelados:
brilhos e bactérias.

calma na manhã verde-rosa
acossada aos tapumes,
e as cinzas sob o claro
e o teto sobre a cara
amanhecendo os pandeiros,
silenciando os enredos: ali,

na revanche dos olhos,
entre ar-
canos e pipas-alarde
o vento alude
uma pavana para Cartola.

e novamente haverá
salários baixos, fome, sangue
e paciência,
até o próximo carnaval?

Salgado Maranhão

do livro A Cor da Palavra
Prêmio da Academia Brasileira de Letras - 2011com





Trem Da Consciência


Música: Vital Farias
Poema: Salgado Maranhão
Voz: Zeca Baleiro

Não espere que eu fale só de estrelas
Ou do vinho feliz
Que eu não tomei
Porque
Fora de mim
Não levo além da sombra
Uma camisa velha
E dentro do peito
Um balde de canções
Uma gota de amor
No útero de uma abelha
Não repare se eu não frequento o clube
Dos que sugam o sangue das ovelhas
Ou amargam o mel
Dessa colméia
É que eu já vivo
Tão pimenta
Tão petróleo
Que se você acende os olhos
Me incendeia
Hoje em dia
Pra gente amar de vera
É preciso ser quase
Um alquimista
Ou talvez o maquinista
Do trem da consciência
Pra te amar com tanta calma
E com tanta violência
Que a tua alma fique
Toda ensanguentada
De vivência







Jura secreta 16
para May Pasquetti

fosse esta menina Monalisa 
ou se não fosse apenas brisa 
diante da menina dos meus olhos 
com esse mar azul nos olhos teus

não sei se MichelÂngelo
Da Vinci Dalí ou Portinari te anteviram
no instante maior da criação
pintura de um arquiteto grego
quem sabe até filha de Zeus

e eu Narciso amante dos espelhos
procuro um espelho em minha face
para ver se os teus olhos
já estão dentro dos meus

artur gomes

http://juras-secretas.blogspot.com







Epílogo

na quase esquina
não há vaga
perdeu-se o tato
perdeu-se a valsa
perdeu-se o enlace

na quase esquina
não vale

não vale o dote _ não vale
não vela a pena _ não vale
não vale o trote _ não vale
não vale o chumbo _ não vale

não vale o passe
jorrado na face

Cláudia Gonçalves
Poesia do Brasil – Vol. 17
Ed. Grafite – XXI Congresso Brasileiro de Poesia
Bento Gonçalves – outubro 2013







Vidráguas

Porque chove...
Tudo é água
que empoça e embacia
Tudo é lágrima
que sublima, condensa e lava
Porque choro...
Chovo mais que o céu
Transbordo-me
Parto palavras como se ossos se liquifizessem
Porque chove
Versejo em gotas de ilusão
Espanto as horas mormacentas
Granito janelas na rua
Porque chove...
Salpico meus pesadelos
Nessas Vidráguas, encontro a poeta
Brindamos vidros com água...

Carmen Silvia Presotto
Poesia do Brasil -0 Vol. 17
Ed. Grafite – XXI Congresso Brasileiro de Poesia
Bento Gonçalves-RS – outubro 2013