terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Plasma Rico em Plaquetas promove novo patamar à Ortopedia

A terapia celular com PRP na cura das lesões musculoesqueléticas
Dr. Aldo Vincis, em entrevista exclusiva ao Mania de Saúde, faz uma breve abordagem sobre a terapia celular com PRP na cura das lesões musculoesqueléticas, procedimento de ponta na ortopedia, que se tornou estrela de intenso brilho das mesas de debate científico nos principais congressos internacionais da especialidade.

Mania de Saúde - O que é PRP? 
Dr. Aldo Vincis - “A sigla PRP é a abreviação do nome Plasma Rico em Plaquetas. O plasma é a parte líquida do sangue, que carrega consigo os glóbulos vermelhos (células que transportam oxigênio), os glóbulos brancos (células responsáveis pela defesa do organismo contra ação de agentes invasores, como vírus e bactérias) e as plaquetas (fragmentos de células presentes no sangue que é formado na medula óssea, importantes na coagulação sanguínea). As plaquetas, além de participarem ativamente no processo de coagulação, produzem algumas substâncias muito importantes na estimulação do processo de cicatrização de lesões em vários tecidos do corpo humano. Tais substâncias são os fatores de crescimento teciduais, que são mediadores biológicos naturais que revelam eventos celulares cruciais na reparação de tecidos, tais como síntese de DNA e matriz, quimiotaxia e diferenciação celular. Com isso, promovem, quando ativadas, cicatrização, crescimento celular e regeneração tecidual em diversos tecidos, promovendo possibilidade de tratamento curativo e, muitas vezes, evitando o tratamento cirúrgico.” 

M.S. - Então quais são as indicações do uso do PRP? 
Dr. Aldo Vincis - “O PRP tem sido utilizado como opção terapêutica para lesões ligamentares e lesões tendíneas, lesões da cartilagem articular, osteoartrose, tendinites crônicas, bursites, epicondilites, entre outras. O objetivo é estimular a regeneração tecidual e evitar a realização de possíveis procedimentos cirúrgicos. Mas também se mostra eficaz quando utilizado com o objetivo de reduzir o tempo de recuperação de atletas que sofreram lesões musculares e dos ligamentos, promovendo cura da lesão, sem deixar fibrose. Também tem sido usado com sucesso como terapia coadjuvante nas cirurgias de reconstruções ligamentares, reparos de tendões e lesões de cartilagem.” 

M.S. - Como é realizado? 
Dr. Aldo Vincis - “O PRP é um produto terapêutico autólogo (do próprio paciente), com o uso do sangue periférico retirado do paciente no momento do procedimento ou da cirurgia. No caso do uso em cirurgia, o sistema de aférese garante alta qualidade do PRP, já que processa automaticamente o sangue periférico e permite a coleta de altas concentrações de plaquetas e que, colocadas no local da lesão, estimulam o desenvolvimento de células-tronco e a regeneração do tecido da lesão. O PRP é colocado no local das lesões osteomusculares.” 

M.S. - Como o Dr. realizou seu estudo e prática em PRP? 
Dr. Aldo Vincis - “Minha formação em Artroscopia e Medicina Desportiva é no IOT da USP ( Instituto de Ortopedia e Traumatologia da Universidade de São Paulo ), centro de excelência no Brasil e no mundo, que usa e pesquisa sobre o PRP há anos; prova disso é o recente estudo do IOT/USP publicado em 02/04/2012 no The American Journal of Sports Medicine, dos EUA, atestando a eficácia do Plasma Rico em Plaquetas (PRP) na cicatrização de lesões no joelho.” 

M.S. - O Dr. tem desenvolvido trabalhos científicos deste tema? 
Dr. Aldo Vincis - “Sim, venho me aprofundando no estudo e pesquisa deste método de tratamento; faço parte de um grupo de pesquisa da Universidade de Pittsburgh – Pensilvania – EUA e recentemente (setembro de 2012), estive em um curso de especialização na França, promovido pela Societé Française D’Artroscopie, durante o Congresso Francês de Joelho em Lyon, quando apresentei trabalhos científicos de PRP e viscossuplementação.” 

M.S. - Existem contraindicações ao tratamento com PRP? 
Dr. Aldo Vincis - “Não há nenhuma contraindicação ou efeitos colaterais relatados devido ao uso do Plasma Rico em Plaquetas, pois é obtido do sangue colhido do próprio paciente e depois injetado no local da lesão após preparo celular nos equipamentos específicos.” 

M.S. - Como o Dr. encara o privilégio de ser o pioneiro na realização de PRP e também de cirurgias artroscópicas em Itaperuna e região? 
Dr. Aldo Vincis - “É gratificante poder trazer com pioneirismo métodos de tratamento modernos e eficazes para nossa região. O futuro já chegou. Temos que lançar mão dos avanços da medicina para conforto e bem-estar de nossos pacientes.” 

*Dr. Aldo Vincis é médico ortopedista e traumatologista, especialista em joelho e ombro, Artroscopia e Medicina do Esporte.

Você sabe o que é alimentação enteral?

Problemas com a nutrição podem ser evitados pela maioria das pessoas, mas há situações em que isso não depende unicamente de nós. Sofrer um AVC, um acidente traumático ou vivenciar outras situações em que não conseguimos nos alimentar por conta própria geralmente demonstra a necessidade de uma alternativa para nutrir o corpo, e é por isso que existe a nutrição enteral. 

De acordo com a nutricionista Samira Salomão, que atua no Hospital Escola Álvaro Alvim (HEAL), a nutrição enteral é de suma importância na área da saúde e sua utilização é mais recorrente do que se imagina. “Ela se baseia numa alimentação que é conduzida por meio de cateter quando o paciente não tem condições de mastigar e engolir a quantidade suficiente para se nutrir. Em geral, são pessoas que sofreram os efeitos de alguma patologia, como acidente vascular encefálico (AVE) ou acidente vascular cerebral (AVC), pacientes com disfagia, pacientes em coma ou entubados, estando todos com o trato gastrointestinal funcionando, pois, se não, não há digestão”, revela a profissional. 

Realizada para substituir ou completar a alimentação oral em pacientes desnutridos ou não, conforme as necessidades nutricionais, em regime hospitalar, ambulatorial ou domiciliar, visando à síntese ou manutenção dos tecidos, órgãos ou sistemas, conforme a definição do Ministério da Saúde, a alimentação enteral tem obtido enormes benefícios com o avanço tecnológico, o que torna ainda mais segura para quem necessita desse tipo de dieta. “Hoje, nos hospitais, existem dietas enterais com sistema fechado, que garante o controle do gotejamento através de bombas de infusão, evitando a manipulação e diminuindo o risco de contaminação, pois ela já vem pronta. São dietas balanceadas e especialmente elaboradas para atender as necessidades de cada paciente”, disse Samira. “Além disso, os materiais disponíveis no mercado são excelentes, os cateteres, por exemplo, são flexíveis e incomodam menos. Às vezes, o paciente está consciente, e um material desse tipo faz toda a diferença”, acrescentou. 

Outra questão relevante, segundo a profissional, é a higienização, sobretudo nas dietas enterais no ambiente caseiro, em que a orientação familiar é fator primordial para o sucesso da alimentação. “A higiene adequada para manipular o alimento é um cuidado fundamental a se ter com o paciente, e as famílias devem receber toda a orientação necessária. A alimentação enteral possui uma importância inimaginável para a vida de quem a necessita. Por isso, a necessidade de acompanhamento e de higiene”, completou Samira.
fonte: www.maniadesaude.com.br

Pontal Foto Grafia





Pontal Foto.Grafia

Aqui,
redes em pânico
pescam esqueletos no mar
esquadras – descobrimento
espinhas de peixe
convento
cabrálias esperas
relento
escamas secas no prato
e um cheiro podre no
AR

caranguejos explodem
                                    mangues em pólvora
                                    Ovo de Colombo quebrado
areia branca inferno livre
                                             Rimbaud - África virgem –
carne na cruz dos escombros
trapos balançam varais
telhados bóiam nas ondas
tijolos afundando náufragos
último suspiro da bomba
na boca incerta da barra
esgoto fétido do mundo
grafando lentes na marra
imagens daqui saqueadas
Jerusalém pagã visitada 

Atafona.Pontal.Grussaí 


as crianças são testemunhas:
Jesus Cristo não passou por aqui

Miles Davis fisgou na agulha
          Oscar no foco de palha
cobra de vidro sangue na fagulha
                          carne de peixe maracangalha
que mar eu bebo na telha
que a minha língua não tralha?
                              penúltima dose de pólvora
palmeira subindo a maralha
punhal trincheira na trilha
cortando o pano a navalha
fatal daqui Pernambuco 

Atafona.Pontal.Grussaí 


as crianças são testemunhas:
 Mallarmè passou por aqui

bebo teu fato em fogo
                punhal na ova do bar
palhoças ao sol fevereiro
                aluga-se teu brejo no mar
o preço nem Deus nem sabre
                sementes de bagre no porto
a porca no sujo quintal
                                       plástico de lixo nos mangues
que mar eu bebo afinal?

Artur Gomes


Publicado na Antologia Internacional - Eco Arte Para Re-Encantamento do Mundo, organizada pela Bióloga Michelle Sato e editada pela Universidade Federal do Mato Grosso – 2011 – Publicado na Antologia Poesia do Brasil Vol. 15 – 2012 – Proyecto Cultural Sur Brasil – Editora Grafiti - Faixa do CD Fulinaíma Rock Blues Poesia – a sair

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Inquietude - Flávia Vasconcelos de Brito - Lançamento



Inquietude – Flávia Vasconcelos de Brito - Lançamento

Flávia compartilhou sua poesia conosco nesta última terça na Livraria Argumento, quando foi lançada a XXIª Edição do Congresso Brasileiro de Poesia, que acontecerá de 30 de setembro a 5 de outubro em Bento Gonçalves, Rio Grande do Sul.

Nesta Quarta 30 de janeiro Flávia lança o seu livro de Poesia, Inquietude, na Livraria da Travessa – Rua Visconde de Pirajá, 572 – Ipanema – Rio de janeiro com coquetel a partir das 19h.


Sobre A Poesia de Flávia já disseram:

“A poesia itinerante da jornalista Flávia Vasconcelos de Brito continua peregrinando pelas livrarias. Agora é a vez da Livraria da Travessa de Ipanema fazer o lançamento do livro Inquietude, que trata da descontinuidade, a incoerência e a dilaceração da experiência. O evento no RJ acontecerá dia 30 de janeiro, a partir das 19h, com coquetel.

A jornalista convida amigos, clientes e parceiros para este encontro, numa das livrarias mais completas e interessantes do Rio de Janeiro. O lançamento de Inquietude será boa oportunidade para encontro entre 
pessoas interessantes e happy hour cultural num dos bairros mais charmosos da cidade!

Sobre Inquietude, característica plural do ser, o livro fala de um dinamismo convulso e febril das polaridades humanas e do desejo indócil de ser vastidão e nada ao mesmo tempo. Flávia engendra a realidade por meio da poesia, numa seriação de palavras, signos e significados que expõem o instante até o limite irrespirável do fragmento.

Artur Gomes
coordenador Nacionald e Literatura e Áudiovisual do Proyecto Cultural Sur Brasil – contato: poebrasoficial@gmail.com

fulinaíma produções

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

A Traição das Metáforas 8 9 e 10





A Traição das Metáforas 8


um cavalo marinho cavalga entre as suas coxas federika não conseguia
conter o êxtase dentro do mar de búzios cada jogo era gozo em profusão como uma menina em seu primeiro cio com receio olhou a praia quando viu macabea oculta entre o ciúme os mariscos tentando esconder-se na areia molhada depois da primeira arrebentação quando o veneno de um ferrão de arraia atravessou a porta do assombradado federika sorriu feliz agora com peixes multi coloridos passeando em sus costas entrando pelos poros como quem acende o fogo em todos os cantos escuro da casa seu corpo iluminado  uma constelação celestial ali naquele mar de ostras em que ela sonha dar a luz um dia




A Traição das Metáforas 9


mc brinca de mal-me-quer bem-me-quer o mistério está dentro do corpo quando pulsa nas duas letras do alfabeto sem gramática qual será a pétala que  desfolharei entre os seus dedos m desconfia da santíssima trindade pai filho espírito santo c tem o signo de gêmeos tatuado nas costas ao lado do ombro esquerdo quando nua se instala diante do espelho para ver o quando no seu  corpo cresce um girassol entre os joelhos a rosa púrpura do cairo m tem uma borboleta na ponta do nariz e se assusta quando nas entrelinhas do poema falo do segredo







A Traição das Metáforas 10

mc tinha uma flor na boca quando a encontrei dentro do cerrrado no planalto central do país quando me viu m colocou a flor do lado esquerdo do rosto c me arrastava nas asas do avião para o outro lado da ponte do lago zul onde lourenço de bem inaugurava sua última instalação concreta lilia diniz cozinhando doce de goiaba como fazia cora coralina e no meu colo alice me chamava de pai e carinhosamente me beijava a orelha direita enquanto engels espíritos sacava da trincheira seu portifólio de gaitas e num sopro sioux selvagem estremeceu o mar de árvores toras onde m me esperava já com a flor no umbigo e com suas unhas vermelhas c cantarolava por enquanto vou te amar assim admirando teu retrato pensando a minha idade e o que trago da cidade embaixo as solas dos sapatos

Artur Gomes                     

domingo, 20 de janeiro de 2013

Definido defeso do caranguejo-uçá nos estados nordestinos em 2013


Ibama/PB 16 Janeiro de 2013 - 12:08
Foto: Divulgação
Foi publicada no último dia 10, no Diário Oficial da União, a Instrução Normativa Interministerial nº 1/2013 do Ministério da Aquicultura e Pesca e do Ministério do Meio Ambiente, que define os períodos de proteção à andada do caranguejo-uçá (Ucides cordatus) nos estados do nordeste e no Pará para o ano de 2013.
Neste ano, a captura, a comercialização, o transporte, o armazenamento, a industrialização e o beneficiamento do crustáceo ficam proibidos em seis períodos, de 12 a 17 de janeiro; de 28 de janeiro a 02 de fevereiro; de 11 a 16 de fevereiro; de 26 de fevereiro a 03 de março; de 12 a 17 de março; e de 28 de março a 02 de abril. A cada ano, o período reprodutivo da espécie acontece em datas diferentes, uma vez que a andada depende de marés e fases da lua.
As pessoas físicas ou jurídicas que possuírem estoques do crustáceo, capturados fora dos períodos da andada, devem procurar o Ibama nas vésperas dos períodos de proteção para declarar quantos caranguejos tem em depósito.
A andada é a época na qual os caranguejos ficam mais vulneráveis, pois saem de suas tocas para acasalar e liberar as suas larvas. A proteção a este período é fundamental para a manutenção das populações da espécie, que tem papel fundamental no equilíbrio ecológico dos manguezais, ecossistemas que são verdadeiros berçários da vida marinha e costeira.
A divulgação das datas busca conscientizar a população sobre a necessidade de respeitar os períodos da andada para garantir a conservação da espécie, muito apreciada pelo seu sabor, e de grande importância econômica, sendo o sustento de muitas famílias que vivem próximas dos manguezais.
A fiscalização irá atuar nos dias da proibição, e as pessoas que forem flagradas capturando, transportando ou comercializando irregularmente o caranguejo-uçá no período de proteção à espécie deverão ser autuadas com multa que varia de R$700,00 a R$ 100 mil reais, com acréscimo de R$ 20,00 por quilo de pescado, além de responder por crime ambiental na justiça. Os estoques declarados também serão fiscalizados.
Além da andada, há outras medidas de proteção ao caranguejo-uçá que devem ser observadas, é proibida durante todo o ano a captura do caranguejo-uçá cuja largura da carapaça seja inferior a seis centímetros, e anualmente, de 1º de dezembro a 31 de maio, é proibida a captura de fêmeas da espécie.

sábado, 19 de janeiro de 2013

congressos brasileiro de poesia - lançamentos




CONGRESSO BRASILEIRO DE POESIA PROMOVE SESSÃO DE AUTÓGRAFOS NA LIVRARIA ARGUMENTO LEBLON

Em sua vigésima primeira edição, o Congresso Brasileiro de Poesia é um dos mais tradicionais e longevos festivais de poesia do Brasil e também da América Latina. Realizado anualmente na cidade gaúcha de Bento Gonçalves, o evento caracteriza-se por sua programação voltada em sua maior parte para as escolas do município, atingindo um público aproximado de 25 mil pessoas.

Entre os inúmeros projetos que compõem o evento, destacam-se:“Poesia na Escola”, que consiste na distribuição de livros de poesia aos alunos como forma de incentivo à leitura, “Autor Presente na Sala de Aula”, que leva os autores para as escolas, e “Poesia na Vidraça”, no qual os estabelecimentos comerciais cedem espaços em suas vitrines para a escrita de poemas, os quais, em muitos locais, permanecem intocáveis ao longo do ano seguinte.

Em suas vinte edições já realizadas o Congresso Brasileiro de Poesia levou a Bento Gonçalves grandes nomes da poesia das três Américas e também da Europa, publicou 16 volumes da coleção“Poesia do Brasil”, 9 da coleção “Poeta, Mostra a Tua Cara”e distribuiu mais de 20 mil exemplares destes livros junto às escolas e comunidade bento-gonçalvense.

No próximo dia 22, a partir das 18 horas, acontece o lançamento oficial da edição 21 do evento e dos volumes 15 e 16 da coleção“Poesia do Brasil”, na Livraria Argumento do Leblon, Rio de Janeiro, seguidos de um grande sarau.

Marina Colasanti é a escritora homenageada do evento neste ano, que acontece entre os dias 30 de setembro e 5 de outubro, na capital brasileira da uva e do vinho e também maior polo moveleiro do país.


Proyecto Cultural Sur Brasil

Ademir Antônio Bacca - Presidente
Artur Gomes - Coordenador Nacional de Literatura e Áudiovisual
May Pasquetti - Coordenadora Nacional de Marketing

contatos: 
adebach@gmail.com
poebrasoficial@gmail.com
portalfulinaima@gmail.com
                 

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

manual para assassinar frangos




Manual Para Assassinar Frangos


Às vezes, era o Rio Paraíba do Sul
que desmesuradamente crescia.
E as ruas ficavam cheias de escorpiões,
cobras d´água, lacraias com mil pernas...
parecia um monstro epiléptico e barrento
numa corrida maluca até o mar.

A gente torcia para que o rio subisse mais,
cada vez mais,
para que alguma tragédia
se consumasse, como no cinema.

Queríamos ver casas desabando,
árvores arrancadas à força,
as meninas, descalças,
impedidas de ir à missa dominical,
bêbados patinando no caos,
arrastados até a foz de Atafona,
numa infinita poça de lama e cuspe
que mandávamos para o céu.

Estávamos prenhes de vida
e queríamos a morte de mentirinha.
Sonhávamos com o apocalipse doméstico,
com a bomba asfixiando nossos
pré-sonhos.

O primeiro amor estava ao lado,
nas aulas do Liceu que, às vezes,
assassinávamos
com delicado prazer.

No verão de 66,
o rio ficou irado de verdade,
se emputeceu, invadiu o baú
onde eu guardava meus gibis
trocados antes das matinês do Cine Coliseu.
Adeus minha coleção
tão preciosamente inútil
de David Crocket, Buffalo Bill, Zorro,
Rock Lane, Cavaleiro Negro e etc.

E me lembro dessa grande enchente,
da aniquilação dos pessegueiros,
das parreiras, dos limoeiros, dos frangos,
da horta que minha avó tão bem cuidava.
Abius, mangueiras, bananeiras,
caramboleiras, formigas,
tudo se foi com o rio,
com essa referência geográfica
e conceitual
que ainda hoje tento traduzir.
Tudo se foi com o boi morto
no meio da correnteza,
coberto de urubus.

E no radinho de pilhas de s´eu Bertolino
(que, em uma canoa, ajudava as famílias
a recolherem seus pertences),
os Beatles cantavam “I want a hold your hands”.

Comecei a crescer com os Beatles
(e eles comigo),
a respeitar o rio e a temer s´eu Leleno,
meu vizinho e flamenguista doente,
que nas tardes de domingo,
quando o seu time perdia, enfiava a porrada
na Dorotéia, sua mulher - e maior torcedora
do Flamengo, por motivos amplamente justificados.

Também havia a Josete,
que ajudou a me descriar
e que tinha um namorado chamado Jomar,
um refinado sem vergonha.
Em 62, o Brasil foi bi-campeão
e Josete imaginava
Jomar fazendo gols nela.
Se Josete gozava, o fazia discretamente,
como os anjos gozam.
No silêncio.

Josete, que hoje é avó,
era filha de Neco Felipe,
um negro caolho e feliz,
que organizava os forrós
em Conselheiro Josino,
interior de Campos dos Goytacazes.
Forrós animados com cachaça, lampiões,
sanfona e alguma voz desdentada,
uivando para a Lua, nas quentes
madrugadas.

Além de Neco Felipe,
conheci outras pessoas felizes
que moravam naquela vila
no verdadeiro cú do mundo,
entranhada na miséria e nos canaviais
(os dois sempre andaram juntos),
com um cemitério
na beira da estrada.

Minha cabeça

se embaralhou toda:
- como é que as pessoas
podiam ser felizes
em Conselheiro Josino ?

Como é que as pessoas
podiam ser felizes
naquela merda,
ao lado de um cemitério
mambembe,
perto de um rio carregando tudo?

Como é que as pessoas
podiam ser ?

Mas as pessoas
eram
e algumas até se
foram.

Martinho Santafé
Poema vencedor do III FestCampos de Poesia Falada, Campos dos Goytacazes-RJ, agosto-2001.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

poética 47 - cinema ambiental




Poética 47
cinema ambiental


do outro lado da ponte
fios elétricos enforcam
peixes voadores
atolados no pântano de entulhos
:
pedra parede telha s tijolo

dentro do livro
              palavra

do outro lado
da página
a arraia
respira ainda tonta
asfixiada
pela chuva ácida que caiu das nuvens



artur gomes

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

juras secretas






Jura secreta 1 

a língua escava entre os dentes 
a palavra nova 
                       fulinaimânica/sagarínica 
algumas vezes muito prosa 
outras vezes muito cínica 

tudo o que quero conhecer: 
              a pele do teu nome 
a segunda pele o sobrenome 
no que posso no que quero 


a pele em flor a flor da pele 
a palavra dândi em corpo nua 
a língua em fogo a língua crua 
a língua nova a língua lua 

fulinaímica/sagaranagem 
palavra texto palavra imagem 
quando no céu da tua boca 
a língua viva se transmuta na viagem 


arturgomes