A Traição das Metáforas
3.
onde a estética é estrada estanque eu grito federico
baudelaire passeia como pimenta do
planeta azeite para o acarajé que você não consegue digerir em salvador in
chamas salgado mar de fezes farol da barra ainda canta castro alves enquanto
por aqui o esgoto entra na cidade pela porta de frente macabea tenta mais uma
vez enganar o padre que não sabe dizer missa pão e hóstia não combinam com confete e serpentina e viver é um poema
processo moacy há quanto tempo já me disse muito antes dos retalhos imortais
aportarem no porto da garrafas santo andré ainda nem sonhava com o assassinato
do celso daniel enquanto federico tenta colocar em ordem a bateria da mocidade
independente zeca baleiro canta: é mais fácil mimeografar o passado que
imprimir o futuro.
4.
seja herói seja marginal: frase de oiticica levou baiano
a londres depois de passar alguns segundos no doi cod li num grafiti nos muros
da central bem ao lado do monumento de duque de caxias federico estava de
plantão nos dragões da independência são cristóvão era um mangue onde todas as
noites íamos aliviar nossas tensões com as prostitutas do lugar dali para
brasília foi um pulo num quadrimotor da fab embaixo de celas e fardos de alfafa
até voltar em maio de mil novecentos e sessenta oito cacomanga
já s e tornara uma makondo e eu ali
entre a ausência do meu pai e as flores do mal que roubei o quartel num armário
do coronel joão batista de oliveira figueredo
Artur Gomes
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