segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Sagarânica



Sagarínica
Poema do livro SagaraNAgens Fulinaímicas

a rede vazia
olha o infinito
a sua frente
estou armado de poesia
até os dentes.

Artur Gomes
www.juras-secretas.blogspot.com






poema do terceiro dia

remover a pedra dos rins
a faca dos dentes
a escama seca da espinha da serpente
retirar da carne o sal que restou do mar
e me mandar para outras águas
de preferência água doce
antes que o mar me salgue
antes que o mar me cegue
peço a Oxum que me leve
por onde eu ainda possa me salvar





na pele da memória para saudar 2016

o mar
me levou a última quimera
o movimento dos barcos

ondas sempre morrem no cais
nem sei se quero mais tanta procura
daquilo que não tenho
se nos olhos ainda tenho flores de dezembro
daquela manhã ainda me lembro
adele tinha a pele branca
como uma bruma de vênus
em tuas costas uma palavra indígena:
Bertioga
a tua língua macia me trazia o gozo
e nunca fora de menos
com a boca de água e sal me lambia
depois dos beijos molhados
nos lençóis de areia
e não era mais lua cheia
quando acordamos dentro.