sábado, 23 de abril de 2011

Um sonho possível de realização

Plagiando o bordão consagrado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, eu diria que nunca, na história deste país, um vice-presidente marcou tanto a sua passagem política, empresarial e pessoal, como o recém-falecido José Alencar Gomes da Silva.


Falar sobre a vida de José Alencar é cair no lugar comum da repetição de trechos do imenso conteúdo de tudo o que foi amplamente divulgado pela grande mídia nacional e internacional, o que tornaria este texto pretensioso e formatado como cópia da cópia.


Mas há algo que me fascina (como à grande maioria dos brasileiros) na história deste bravo mineiro, nascido do seio da camada menos favorecida de nossa sociedade, o que fortalece a esperança de nosso povo em poder limpar a vida política do país, fazendo valer a vontade popular em leis aprovadas, como a conhecida "Ficha Limpa". E essa determinação não passou pela demagógica pirotecnia factoide usual na maioria das ações políticas que permeiam os escândalos de corrupção. Ela se tornou transparente quando José Alencar assumiu, mesmo no PL, a existência do mensalão, dando uma prova inequívoca de coerência como cidadão, mesmo tendo que dar um tiro no próprio pé. Igual atitude ele teve em relação às altas taxas de juros praticadas no país, sob tutela da equipe econômica do governo do qual fazia parte, mas se negava a ser um fantoche robotizado e programado para somente aplaudir.


O sonho político que sempre acalentou José Alencar, baseado na sensibilidade social; na probidade administrativa e no sentimento nacionalista, não pode morrer junto com as manifestações protocolares do féretro, em Brasília e, posteriormente, em Minas Gerais, mas espargir como exemplo possível de ser alcançado, tendo como próprio espelho a sua vida.


E, nos seus últimos quatorze anos, exercitou a forma de convívio mais bem humorada no seu cotidiano, entre a vida e a morte, contagiando toda a nação com o seu exemplo de luta pela vida. Inspirado pelo filósofo grego Sócrates, deu uma prova de seu consciente e ilibado destemor, em dezembro de 2007, ao sair de uma das dezessete cirurgias realizadas, afirmando: "Você não sabe o que é a morte, então você não tem de ter medo da morte. Você tem de ter medo da desonra, dela você tem de ter medo, isso mata você. A vida é uma jornada."


Sylvio Muniz é publicitário (05855-SP-1975), fundador, editor e proprietário do Jornal Mania de Saúde e Conselheiro da Ordem dos Jornalistas do Brasil.

Um dia saudável para a reflexão

O início deste mês está sendo marcado pelas atividades realizadas em decorrência do Dia Mundial da Saúde, celebrado, oficialmente, no dia 07. No Brasil e no mundo, estão em andamento diversas ações e campanhas preventivas, sobre as mais variadas doenças, a fim de instruir ainda mais a população sobre os riscos de não se ter cuidado com o corpo.
A verdade, porém, é que um dia não basta para chamar a atenção das pessoas para as questões de saúde. Ao invés da celebração, a conscientização diária é que deve ser palavra-chave, conforme explicou, com exclusividade, ao Mania de Saúde, o presidente da Unimed-Campos, Dr. Márcio Sidney Pessanha de Souza. "Acredito que o Dia Mundial da Saúde é mais para fazer um alerta do que propriamente uma comemoração", diz o médico. "É importante que as pessoas se atentem que o dia da saúde é todo dia. É preciso que haja uma reflexão sobre os comportamentos de riscos da sociedade moderna, como o estresse, por exemplo, que pode influir diretamente no organismo, sobretudo no que diz respeito às doenças cardiovasculares", avalia Dr. Márcio Sidney, ressaltando o agravante social do problema. "Isso implica em custos para o Estado e para a gestão privada, que gastariam menos se houvesse mais prevenção", destaca.
Por falar em implicações sociais, Dr. Márcio Sidney lamenta que na passagem do dia seja lembrada a ausência de um empenho maior do Governo Federal em relação a esse que é considerado um dos principais problemas do país. "No caso da Unimed, ela é um elemento de saúde suplementar. Mas, em quase todo o país, ela cumpre um papel mais complementar do que suplementar", relata o médico. "Não temos a certeza de que todos os municípios tratem a saúde de forma igualitária. As pessoas acabam buscando a saúde suplementar para completar as lacunas da saúde pública", avalia.
Diante das falhas do Estado, a responsabilidade no trabalho, então, passa a ser muito maior, já que os espaços precisam ser preenchidos, como ressalta o médico. "A Unimed está presente em 80% do território nacional. Daí a importância do papel dos gestores médicos, pois é preciso lidar com o fato de que temos que fazer mais do que já deveríamos, numa atitude que deveria ser revista, por exemplo, pelo Governo, que trata essa questão de uma forma um tanto quanto paternalista", pondera.
Outro fator agravante, nesse assunto, é a forma como o plano de saúde é encarado. "Quando um cidadão faz um seguro de carro, ele não vai bater o veículo para aproveitá-lo. Mas, no plano de saúde, todos querem usufruir. Isso cria uma demanda muito grande de trabalho e de custos para os gestores médicos. Posso dizer que temo muito pelo futuro dessa realidade", complementa o médico.
Como vimos, o Dia Mundial da Saúde é apenas uma data simbólica para que possamos nos ater às diversas necessidades de cuidado que o nosso corpo tem, bem como reflexões sobre a própria realidade. No fim, a consciência é sempre o melhor caminho.


Redação
maniadesaude@jornalmaniadesaude.com.br

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Doença mental tem cura?

Rogério Tuma na CartaCapital

Em seu livro, o doutor Luiz Altenfelder, psiquiatra do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, deixa claro: “O homem não existe sem a relação com o seu semelhante”. É com esse lema que ele defende a importância do psicodrama e da psicoterapia em grupo nos tempos de hoje, em que a psicofarmacologia e a neurologia desfazem suas fronteiras. O autor demonstra que o papel da psicoterapia é fundamental e curativo.

 Mais do que isso, disserta de forma didática e contagiosamente interessante sobre a história do tratamento psiquiátrico, desde a civilização egípcia até a desospitalização, passando por absurdos como o espancamento e até a queima do paciente psiquiátrico na fogueira. Segundo o dr. Altenfelder, a doença mental tem cura e o caminho não é só a medicação: a psicoterapia em grupo e o psicodrama são os elos encontrados no passado para a moderna psiquiatria.

Esquecidos, atenção!

Mais um avanço para o tratamento da doença de Alzheimer foi descoberto com lombrigas. A revista Nature publicou um estudo em que cientistas do Instituto Buck, na Califórnia, perceberam que, ao utilizar um corante comum que colore a proteína beta amiloide no neurônio, conseguiam melhorar o defeito que aparece nesta proteína, causadora da doença de Alzheimer em humanos. De tabela, conseguiram aumentar a longevidade dessas lombrigas em 50%.

Os cientistas envolvidos, que usaram as lombrigas modificadas para simular a doença de Alzheimer tal qual ocorre em humanos, nunca viram uma substância tão eficaz em aumentar a vida de um ser vivo igual ao corante Amarelo 1, como é chamada a Tioflavina T (ThT). O corante, ao juntar-se com a proteína beta amiloide, melhora a capacidade do organismo de manter a sua produção estável, impedindo a produção de fragmentos proteicos que são tóxicos para a célula e provocam sua morte prematura.

A ThT é um corante comumente utilizado para identificar as placas amiloides, acúmulos desses fragmentos tóxicos de proteína. Além de identificar as placas, o dr. Silvestre Alavez, pesquisador-chefe, percebeu que a ThT também impede o crescimento da placa, preservando os neurônios, pois devolve a estrutura molecular tridimensional da proteína, fazendo com que o neurônio perceba que não precisa produzi-la mais. O neurônio, além de sobreviver 50% mais tempo do que o usual, permanece saudável. A produção desenfreada da proteína doente beta amiloide é uma das causas da formação de placas de proteína e consequente morte neuronal na doença de Alzheimer.

Se for possível usar o ThT no tratamento em humanos, ele pode ser eficaz até nos casos avançados da doença. No momento, os pesquisadores passaram apenas da pesquisa em lombrigas para modelos em ratos. Ainda há um caminho longo até a utilização em humanos, mas é um achado extremamente promissor.
Epilépticos, atenção!

A revista Neurotherapeutics traz um artigo da dra. Mattia Maroso, de Milão, que abre caminho para outro tipo de tratamento medicamentoso para epilepsia. Os pesquisadores descobriram que anti-inflamatórios podem reduzir dramaticamente as crises em pacientes com epilepsia de difícil controle com o uso dos anticonvulsivantes existentes. O mecanismo descoberto é a inibição de uma enzima chamada ICE/Caspase, que induz a formação da interleucina 1 beta, proteína que provoca inflamação na região epiléptica do cérebro, o que aumenta os disparos elétricos dos neurônios, perpetuando o foco epiléptico.

Com o uso de um anti-inflamatório que inibe essa enzima, os cientistas conseguiram uma importante redução nas crises epilépticas em ratos, demonstrando que o uso de anti-inflamatórios pode ser um importante coadjuvante terapêutico em humanos com crises frequentes e sem controle.