Jura Secreta 106
Clarice deseja o indesejável
na escuridão o que não tem nome
o abominável dos desejos
no sagrado o que não se dizia
descrevias as galáxias de Haroldo
descendo ao concreto de Augusto
como se fosse simbolismo pós-moderno
em Dante queria sempre descer aos infernos
no silêncio seu barulho nas auroras
penetrando meus abismos
em labirintos pra mastigar meus pesadelos
quando a noite se vestia de mistérios
com 7 velas que acendia para Oxossi
entre as matas do seu corpo em desconcerto
Mitológica
O sorriso de Monalisa
na boca de Clarice eletri-fica
Zeus em mim por todas Heras
deusas angelicais
beijam meus lábios canibais
cantando salmos
em hóstias consagradas
no altar – secretas juras
e os bíblicos enciumados
excluíram meus poemas
das sagradas escrituras
Enigma número 2
arde em minhas mãos teus poros
minhas unhas ainda queimam
dentro o sal das tuas ágoras
outubro era quase um mar de folhas
no coliseu dos imigrantes italianos
e nossos corpos não tinham panos
nos planos só o amor das águas
o vinho temperava nossas línguas
ao mastigar a santa ceia
Clarice trigo do pão em minha boca
fermento de Zeus em nossas carnes
no vale Olimpo onde gozamos
com fachos de fogo em nossas veias
Artur Gomes