Em todas as comemorações relativas ao aniversário do Mania de Saúde, a nossa linha editorial é rotineiramente elogiada pelos mais diversos profissionais médicos, dentistas, advogados, empresários, entre muitos outros leitores que, nesses 20 anos, ajudaram a consolidar uma filosofia jornalística única na região. Por consequência, a curiosidade em saber os bastidores desse trabalho acaba sendo latente, mas a transparência criada pelo Mania de Saúde é o suficiente para dar qualquer resposta exigida pelo leitor. E não basta, por exemplo, demonstrar, em imagens, a alta tiragem do Jornal. É preciso, também, dar voz a quem criou e comanda essa celebrada trajetória de sucesso, o diretor-editor do Mania de Saúde, Sylvio Muniz, em entrevista dada aos repórteres Everaldo Cabral e Sthevo Damaceno, versando sobre parte da história do Jornal e, claro, seu sucesso nos tempos atuais. Confira.
Repórteres – Sr. Sylvio, dentre os fatores motivacionais que o fizeram criar o Mania de Saúde, em 1991, qual o de maior importância?
Sylvio Muniz – A busca incessante pela realização do meu sonho, isto é, colocar em prática o que eu já sabia na teoria: muita transpiração e alguma inspiração (risos). Há um pensamento de John Sorrels que justifica o meu otimismo em relação ao ser humano, e que me norteia o trabalho profissional em comunicação, há muitos anos, e faz parte da abertura do trabalho da monografia que eu e Andréa, minha mulher, fizemos para o término do curso de jornalismo, que diz: “O jornal é mais do que um negócio, comércio ou profissão: é maneira de vida... o que adianta é o conceito que a própria pessoa tem de suas obrigações... O Direito é uma nobre profissão, o mesmo se dando com a medicina ou a carreira das armas. Há, naturalmente, covardes e traidores militares. Existem charlatões entre os médicos e caxixeiros entre os advogados. Existem jornalistas venais. Mas, para cada charlatão, existem centenas de médicos honestos e sinceros, cujas vidas são altruisticamente dedicadas aos seus pacientes. Para cada caxixeiro, existe também uma centena de advogados dedicados. E, para cada jornalista venal, uma centena de profissionais cujo mais forte instinto é servir, é melhorar a sociedade em que vivem”. Resolvi, então, investir todo o meu comprometimento e entusiasmo na dignidade da maioria e ignorar a banda podre minoritária”.
Repórteres – Uma das peculiaridades mais louváveis no Mania de Saúde é a genuinidade. Longe, até mesmo dos jornalões, que têm as mesmas matérias, o Mania de Saúde sempre apostou no empirismo. Isso sempre foi uma sacada do Sr. ou ele surgiu com o tempo?
Sylvio Muniz – “Eu sempre valorizei a singularidade como a forma mais atraente de se trabalhar um texto jornalístico. Em 1981, quando escrevia para o jornal “A Luta Democrática”, de Tenório Cavalcanti, no Rio de Janeiro, embora não me atraísse a linha editorial adotada, me fascinava a criatividade com que eram criados, na redação, os títulos das matérias, que ficaram famosos em todo o país. Ali aprendi o que nenhum curso poderia me proporcionar. Foram experiências como esta, sem dúvida, que me fizeram traçar, de forma empírica à época, o projeto do Mania de Saúde.”
Repórteres – Como o Sr. analisa a mídia feita sob a ótica da clonagem atualmente?
Sylvio Muniz – “Com o advento da informática, houve uma substituição do trabalho de reportagem, ao vivo, pela publicação de textos enviados aos veículos de comunicação pelas assessorias de imprensa que se multiplicaram pelo país, atendendo aos mais variados interesses. Nem sempre legítimos... Deixou de ser exceção nas redações e passou a ser maioria da pauta. Parece não haver mais entusiasmo dos estudantes de jornalismo pela apuração de matérias, preferindo copiar e colar o que vem pela Internet sem precisar tirar o bumbum da cadeira para ir ao campo em busca de detalhes que fazem a genuinidade do texto. O leitor, que não é bobo, percebe a cópia da cópia que cheira a falsidade. No Mania de Saúde, como vocês sabem, não copiamos, sempre criamos. Dá muito mais trabalho, mas faz a diferença”.
Repórteres – Em qualquer ponto de distribuição do Mania de Saúde, nas regiões dos Lagos, Norte Fluminense e Noroeste, é perceptível o impacto da logomarca do Jornal, que, pela tradição, logo chama as pessoas à leitura. O Sr. sente esse peso histórico no imaginário social ao lidar com o Mania? No início, o Sr. achou que isso seria possível?
Sylvio Muniz – Sempre procurei guardar, no meu baú de experiências, as lições positivas que me passaram os amigos e superiores hierárquicos com quem trabalhei. Na década de 70, em São Paulo, fui subordinado a um executivo superintendente chamado Josef Zetune, que tinha um apreço muito grande pelos profissionais da área de publicidade da empresa, e, num certo dia, imaginando que eu seria dono do meu próprio negócio, disse-me, entre outras coisas: “Sylvio, se algum dia montares uma empresa, não importa o tamanho, administre-a com a mesma responsabilidade e respeito, como se ela tivesse 15 mil funcionários”. Não foi difícil, para um otimista de carteirinha como eu, seguir os conselhos do Zetune. Acredito, portanto, que esse retorno do Mania de Saúde é uma consequência do casamento da generosidade de todos, com o reconhecimento ao trabalho que fazemos, ininterruptamente, ao longo destes 20 anos. Mas, convenhamos, eu não o fiz sozinho. Ter, ao nosso lado, mensalmente, extraordinários colunistas, que colaboram, espontaneamente, com os seus talentos, valoriza e exclusivisa a leitura do Mania de Saúde.
Repórteres – Na edição passada, o mágico que protagonizou a capa da edição especial afirmou que a “mágica” para o sucesso dos 20 anos do Mania de Saúde são a credibilidade e a transparência. Só que sabemos que para alcançar esses predicados, alguns critérios foram adotados. Entre todos, qual, ou quais, o senhor julga ser(em) o(s) mais necessário(s)?
Sylvio Muniz – “Quem sou eu, para contestar o mágico? (risos) Vou responder a esta pergunta com uma afirmação do Prof. Fernando da Silveira, de que a ética é o bem maior na história do Mania de Saúde. Muita gente comunga da mesma opinião de Fernando, o que me leva a crer que todos os outros componentes editoriais como criatividade, pesquisa, investigação, talento cultural, dentre outros, deverão estar sempre subordinados ao quesito principal: ética. O jornalismo contemporâneo não sobrevive sem o marketing, desde que a ética normatize esta relação de forma transparente, como foi projetado para o Mania de Saúde, que hoje influencia o aparecimento de jornais e revistas, muitas vezes mal copiados”.
Repórteres – No decorrer do processo de montagem do Caderno Especial, nós, repórteres, observamos que as palavras confiança, credibilidade, respeito, transparência e imparcialidade, ditas por muitos de nossos entrevistados, se fizeram presentes em diversas matérias. Agora, ainda mais, vemos todas essas palavras se concretizarem, a cada dia, no cotidiano de trabalho do Mania de Saúde. Como o senhor, enquanto editor, avalia esses itens inseridos no contexto de trabalho não só através de nós, mas de todos que integram a família Mania de Saúde?
Sylvio Muniz – Os nossos parceiros esperam sempre o melhor de todos nós. E o melhor de todos nós é dividido de forma igualitária, por cada um de nós, que representamos cada dente desta pequena engrenagem que é o Mania de Saúde. Se um dente quebrar, a máquina para. A nossa responsabilidade é imensa em dar resultados. Tenho muito orgulho em poder manter clientes fidelizados há 20 anos, sem deixar de anunciar em nem uma edição sequer. Temos uma parceria invejável, há 18 anos e meio, com a Unimed Campos, e, com a Unimed Norte Fluminense, há 16 anos. Trata-se de parcerias com Singulares do maior plano cooperativado de saúde da América Latina e um dos maiores do mundo. A consciência do que isto representa para nós é a maior motivadora para que as chances de erro sejam zero. Voltando à relação interna entre os membros de nossa empresa, imagino que a forma de relacionamento respeitosa, transparente e participativa entre todos os que formam o nosso quadro, e do qual vocês fazem parte, seja na discussão de pauta, como nos momentos de críticas, sempre com objetivos claros e construtivos para a melhor consecução do nosso trabalho, repercute através de todas as ações dos nossos companheiros e, sobretudo, na qualidade dos textos produzidos, que chegam, mensalmente, às mãos dos nossos exigentes leitores”.
Repórteres – O Mania de Saúde pode ser considerado uma obra definitivamente pronta e imutável para enfrentar os futuros desafios da comunicação em nossa região?
Sylvio Muniz – “Claro que não. O nosso jornal é, por vocação, um mutante na comunicação impressa e virtual. Não dá para se acomodar nunca em um segmento marcado por transformações meteóricas. Nesta mesma edição, inovamos no relacionamento com os nossos amigos do Facebook, lembrando o festejado Prof. Dr. Laurentino Gomes, editor do jornal O Estado de São Paulo e da revista Veja, quando afirma: “Cabem aos jornalistas, neste novo mundo, três funções básicas: Ser Editor; Ser curador da informação; Antecipar tendências e necessidades”.
Redação