Que grande aldeia é essa? Que potência transformadora esse novo-homem-velho, interconectado e autônomo traz? Essas perguntas provavelmente já estão sendo respondidas de diversas formas, sob vários tipos de olhares, leis, políticas públicas (mesmo que débeis e corrompidas), por códigos formais ou informais, e que de alguma forma problematizam e intensificam a diversidade destes tempos movimentados do agora, com sua impermanência e ressignificados .
Tudo isso impulsiona inexoravelmente, os muitos ( velhos e novos) fazeres humanos, provocando uma espécie de rede de força sinérgica e contínua, que alimenta uma teia de muitas diferentes formas , modos e gestos culturais no interminável dialogo das maneiras várias.
O homem aldeia-subúrbio-local hoje pode amplificar seus signos, conectar suas antenas-cabeças-corpos , dinamizar seus diálogos e deixar de ser invisível ao se apoderar dessa mala de ferramentas tecnológicas (antiquíssima), que de certa forma, está mais disponível , propondo interferências e interações renovadas.
O homem urbano pode deixar de ser esse indivíduo-produto-beneficiado das enormes máquinas-cidades de moer gente, pode deixar de ser esse corpo inerte sem cabeça urbano, encaixotado em edifícios-cavernas e passar continuadamente a questionar os modelos dominantes de vida contemporânea em cidades, corroendo as fundações dessas macroestruturas capitalistas condensadas em argamassas políticas, que domesticam e administram seu homogeneizado cotidiano. E, ao resgatar suas múltiplas vozes e conectá-las, como nos maravilhosos pequenos movimentos estratégicos e pedagógicos das aranhas, com suas teias incríveis que se espalham ali pelo quintal, ele também se modifica e modifica os seus ambientes.
A Aldeia Grande é música irresponsável e poesia em experimentação, são movimentos inquietos, diversos, partindo dos múltiplos olhares suburbanos.
Aldeia Grande é o indivíduo-coletivo, é o homem multicultural, é a diáspora na sua dimensão planetária, é o tempo em movimento, é a reinterpretação das diversas realidades partindo do lugar, é o reconhecimento da geografia única dos ambientes de vida comum nas periferias,é diálogo direto atemporal com as multiplicidades das configurações urbanas, é política, é arte, é Africárea, é o umbigo do planeta por onde todas coisas saem e entram infinitamente num movimento de renovação constante .
E mais ainda, é uma ambiência onde o agora estará sempre ancorado na impermanência de qualquer momento ou lugar, é nossa memória-movimento estampada em gestos comuns, e que permanece reinventada, como muitos toques dos tambores dos mundo, numa elipse infinita, sem tempo ou lugar .
MARKO ANDRADE
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