eu quero mais a carnavalha
me encanta mais teus olhos
que o plano piloto de brasília
o palácio do planalto o alvorada
me encanta mais as mãos da namorada
que a bandeira do brasil
o céu de anil a tropicalha
o palácio do planalto o alvorada
me encanta mais as mãos da namorada
que a bandeira do brasil
o céu de anil a tropicalha
quero muito mais a carnavalha
do que a palavra açucarada
quero a palavra sal do suor da carne bruta
a flor de lótus do cio da fruta
mesmo quando for somente espinhos
me encanta os pés que a lata chuta
por entender que a vida é luta
e abrir novos caminhos
do que a palavra açucarada
quero a palavra sal do suor da carne bruta
a flor de lótus do cio da fruta
mesmo quando for somente espinhos
me encanta os pés que a lata chuta
por entender que a vida é luta
e abrir novos caminhos
me encanta mais na lama o lírio
a flor do láscio
os olhos da minha filha
que o ouro dessas quadrilhas
que habitam esses palácios
a flor do láscio
os olhos da minha filha
que o ouro dessas quadrilhas
que habitam esses palácios
artur gomes
http://blogdabocadoinferno.blogspot.com
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Esta edição de Babel Poética tem como tema norteador para seleção dos textos a ideia de um “eu” poético presente nos poemas. Desse modo, vai-se dum “eu” poético egocentrado, que não se ocupa com essa questão, típico de muito do que se faz na poesia contemporânea, a outros em que ela é problemática, ecoando Rimbaud e reflexão. A esses somam-se poemas em que esse “eu” não se espelha apenas em si mesmo, mas também em “outros”, ou no “outro”, colocando o escritor em confronto social na medida em que esse “eu” existe porque há um “outro”. E é esse “outro”, como um ponto do teatro, que dá o mote para o poema se fazer, rompendo a esquizofrenia egótica e se abrindo para a complexidade das relações sociais, expondo um país obscuro, cuja miséria começa em casa e continua nas ruas, e no qual se pode ter no “outro” não apenas o diverso, mas o adversário, como uma cobra pronta para picar.
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