terça-feira, 30 de julho de 2013

oficina de poesia falada



Oficina de Poesia Falada

Exercícios:

1. Mergulhar no texto até que seja possível compreender todo o seu universo dramático. Perceber as nuances de cada verso ou de cada palavra, para a partir daí ter condições de criar uma forma adequada de interpretação através da fala.

2. Respiração:
Respirar calmamente para relaxar antes de cada leitura até sentir o corpo leve, e através da leitura silenciosa, observar espaços rítmicos do texto para melhor executar a respiração dentro desses espaços que devem ser explorados intensamente.

3. Memorização:
Executar a leitura silenciosa até ter certeza que o texto está completamente compreendido em todos os seus códigos e significados. A partir daí, começar a executar uma leitura em voz alta, frente ao espelho de preferência, procurando verificar se verso por verso já está grudado na ponta da língua e na pele da memória.


OBS.: Essa Oficina de Poesia Falada pode ser oferecida a adomicílio, a acompanhada de uma Oficina de Produção de Vídeo, com tem sido realizada em São Conrado e Copacabana, no Rio de Janeiro, com aulas de duração mínima de 2 horas. Custo a combinar.


As musas de Ignacio

a mesma língua fala
quando deitamos palavras duras
a vida crua sobre o corpo do texto
e do teu poema
partilhamos a busca do mesmo céu
de língua e dentes em viva dança
não mais de veia bailarina
querendo escrever tanto ao mesmo tempo
sobrepomos ao risco da morte nossos textos
pactos de carícias entre fonemas
sons dançantes que saem além da boca
sedução de risos no imaginário
do menininho que admirava a brancura
da pele da primeira musa
e matava os anões com as palavras
creme de champion envenenados
colhidas nas florestas de outro tempo
risos emoldurados em boca e janelas
lá pelas terras de Araraquara
12 anos antes do nascimento
da estrela mágica
do beijo que não vem da boca
lá onde eu poderia ter escrito
o meu primeiro poema
cantando língua e beijo
ao vento dos ventiladores

Cristiane Grando




Poética 72

a relva ainda molhada
a neve renova a pele
fosse Londres logo ali a dentro
LUAna me morderia a língua
até sangrar de susto
lamberia o sal da carne até
cessar a fome
foi ali que Ana se desfez da vida
para sempre
e
da janela voou para o infinito
ainda tenho seus pés aqui
cravados nos dentes da memória
era setembro de 83 e o Vapor Barato
rodava no vinil da loja aqui do centro
com um buraco negro no peito
que chegava a osso





Poética 73

assim como se tanto
te queresse e não pudesse
essa tensão levar-te a cama
a dama se desfaz
mesmo não sendo
um blues rasgado
ou rock and roll
na língua solta
pela pele em tuas costas
lambendo as curvas
por detrás da tua orelha
vermelha a blusa agora despe
baton saliva tudo como em tua boca
pode ser som de bolero
quando um beijo quero quero
a vida é muito curta pra ser pouca

arturgomes



Fulinaíma Produções
Contatos: portalfulinaima@gmail.com
(21)6964-4999 (22)9815-1266

quarta-feira, 24 de julho de 2013

4º Circuito de Arte entre Povos




Finalmente Jiddu Libera:

POESIA PROIBIDA, o filme sobre Artur Gomes, que ninguém ainda viu, integralmente na rede, contando todos os podres do POETA!


Carne Proibida

o preço atual
proíbes que me coma
mas pra ti estou de graça
pra ti não tenho preço
sou eu quem me ofereço
a ti: músculo e osso
leva-me à boca
e completa o teu almoço

Artur Gomes

fulinaíma produções
entre curta compartilhe




DEFINITIVO

estou sempre
definitivo até o próximo instante
e me consolido
ao ser o que não sou

a arte
é toda feita de contrastes
também
- a ourivaria do efêmero – 

o sol é o mesmo
o amanhecer não

há algo que se rompe
e algo que se estanca
há revolução e calmaria
em cada olhar
que cruzo comigo

não há muito o que fazer
só resta acreditar
no que é seu
e duvidar do mundo
Pedro Tostes 
In Descaminhar – SP – 2008

http://www.youtube.com/watch?v=fQfcOcABqpU&feature=youtu.be

terça-feira, 16 de julho de 2013

poéticas fulinaímicas

    praia de Ubatuba - foto: Artur Gomes


Jura Secreta 18

te beijo vestida de nua
somente a lua te espelha
nesta lagoa vermelha
porto alegre caís do porto
barcos navios no teu corpo
peixes brincam no teu cio
nus teus seios minhas mãos
as rendas íntimas que vestias
sobre os teus pelos ficção

todos os laços dos tecidos
e aquela cor do teu vestido
a pura pele agora é roupa
e o sabor da tua língua


e o baton da tua boca
tudo antes só promessa
agora hóstia entre os meus dentes

e para espanto dos decentes
te levo ao ato consagrado
se te despir for só pecado
é só pecar que me interessa



Artur Gomes







anote book
onde diz livro e vá pra New York
se enforque nos braços da liberdade
que auto se proclama
way of life mas your life
é sempre uma knife
de dois gumes
e aproveite
a nova liberdade
troque suas havaianas
por um nike
de um rolê no central park
e esqueça o ibirapuera
pela quimera
tua afro-tupy brasilidade
que vire cherock
e num big macand chery-cok
e à vontade
e aos domigos
lembre os sambas mais antigos
e escute apenas o som dos gringos
again to play in your head
assim aprende bem a língua
enquanto míngua e aí my brother
da tua língua mother
só restará a palavra saudade!





para Danielle Morreale

Dani-se
se ela me pisar nos calos
me cumer o fígado
me botar de quatro
assim como cavalo
galopar meus pêlos
devorar as vértebras

Dani-se
se ela me vier de unhas
me lascar os dentes
até sangrar meu sexo
me enfiar a faca
apunhalar meus olhos
perfurar meus dedos

Dani-se
se o amor for bruto
até mesmo sádico
neste instante lírico
se comédia ou trágico
quero estar no ato
e Dani-se o fato
deste sangue quente
nas veias dos infernos
deixa queimar os ossos
eexplodir os nossos
poemas
pós modernos

a vida pesa quando vale
Dani-se: Morreale







In versos

A gente inventa tudo
Mas de repente
A coisa se inverte
E tudo se inventa.
Fico vesga no engenho de idéias
Eu dentro dele
Ele dentro de mim
Os sentimentos são as portas
O meu corpo só a casca
Tudo entra e tudo sai
O que mata me nasce
Como o que nasce me mata
Fico miúda para ver o alto
Lá de cima avisto o espaço
Se quero ver o plano
Fico gigante para
olhar pra baixo

Dani Morreale




guarapari verão de 2006 - foto: Artur Gomes



gosto de cumer
a traça
e se és parte da raça
nesta selva
vira caça
se és humana
e ultrapassa
a espécie
do que caço
estás salva
dos meus dentes
mas se ainda
és curuminha
por onde vais e caminha
entre a cidade
e o matagal
pode inspirar
meu samba/enredo
e desfilar
entre os meus dedos
onde tudo é carnaval


quarta-feira, 10 de julho de 2013

fulinaíma blues poesia

janela indiscreta

fulinaíma blues poesia
um bom time da boa poesia brasileira 
contemporânea começa a ser escalado aqui
https://www.facebook.com/FulinaimaProducoes?fref=ts

 
               may pasquetti - musadaminhacannon

meta metáfora no poema meta

como alcançá-la plena
no impulso onde universo pulsa
no poema onde estico plumo
onde o nervo da palavra cresce
onde a linha que separa a pele
é o tecido que o teu corpo veste
como alcançá-la pluma
nessa teia que aranha tece
entre um beijo outro no mamilo
onde aquilo que a pele em plumo
rompe a linha do sentido e cresce
onde o nervo da palavra sobe
o tecido do teu corpo desce
onde a teia que o alcançar descobre
no sentido que o poema é prece

uma viagem ao pontal atafona




pele grafia 

meus lábios em teus ouvidos
flechas netuno cupido
a faca na língua a língua na faca
a febre em patas de vaca
as unhas sujas de Lorca
cebola pré sal com pimenta
tempero sabre de fogo
na tua língua com coentro
qualquer paixão re/invento

o corpo/mar quando agita
na preamar arrebenta
espuma esperma semeia
sementes letra por letra
na bruma branca da areia
sem pensar qualquer sentido
grafito em teu corpo despido
poemas na lua cheia



pontal foto grafia



EntreDentes

queimando em mar de fogo me registro
lá no fundo do teu íntimo
bem no centro do meu nervo brota
uma onda de sal e líquido
procurando a porta do teu cais

teu nome já estava cravado nos meus dentes
desde quando Sísifo olhava no espelho

primeiro como mar de fogo
registro vivo das primeiras Eras
segundo como Flor de Lotus
cravado na pele da flor primavera

logo depois gravidez e parto
permitindo o Logus quando 0 amor quisera


Artur Gomes