segunda-feira, 9 de maio de 2011

Sem vaga para murrinha

A esperança do povo do Norte e Noroeste Fluminenses em viver uma era de prosperidade começa, efetivamente, a se concretizar, com o avanço das obras do Porto do Açu e as instalações de canteiros de empresas de grande porte que irão levitar em torno do movimento e do escoamento proporcionados pela moderna cabotagem na costa de dimensões continentais do Brasil e, principalmente, pela navegação internacional que irá otimizar a exportação brasileira.

O volume dos canteiros de obras espalhados pela nossa região, com destaque para as de infraestrutura, parece dar a tônica do que está para acontecer dentro de muito pouco tempo, em atendimento às necessidades impostas pela demanda das empresas (a maioria formada por multinacionais), cujas decisões, de aqui se instalarem, estão atreladas às cláusulas contratuais de exigências que passam, certamente, pela pauta de suas reivindicações quanto à mobilidade, saneamento, estrutura médico/hospitalar, atendimento às leis ambientais etc. etc.

É imperativo, segundo a minha visão sensitiva, já que não sou especialista em nenhuma área deste sonho de pós-modernidade, que esta mudança, que é extremamente rápida, seja acompanhada pelas ações de engajamento de toda a população, com a esperança de que a visão provinciana de alguns setores da sociedade e da política (que os espíritos jovens chamam pela alcunha de murrinha), seja efetivamente sepultada e substituída pelo espírito progressista de quem ama este rincão tão sofrido e explorado pelo feudalismo, desde as Capitanias até os dias atuais, pelo loteamento dos mais variados interesses vitalícios e hereditários.

Quem, ainda segundo a minha humilde sensibilidade sobre o assunto, não acordar e aderir a uma nova ordem mundial (com licença, Caetano) estará, inexoravelmente, condenado a ser vítima de uma tsunami que já começou a se formar na Costa do Açu, e cuja velocidade não é controlada nem medida por aparelhos como os sismógrafos, mas pela seriedade e alto poder de competitividade exercitado por essas empresas nos cinco continentes.

Sem dúvida, alguns leitores hão de questionar: Já viesta abordagem, aqui neste espaço, há algum tempo. Por que novamente o mesmo assunto? Por questões meramente fraternas e sentimentais. É que eu gostaria de testemunhar somente o sucesso crescente dos negócios (qualquer que seja o seu segmento) dos meus amigos, de seus descendentes, além dos conterrâneos. É um prêmio à paciência e à fé que sempre tivemos, esperando este momento.
Empresas, de qualquer tamanho, dirigidas por empresários amadores e que cultuam os seus umbigos como fonte de criação do universo, voltadas muito mais para o domínio da vaidade pessoal e profissional do que do mercado em que atuam, correm o mesmo risco de um jogador, na roleta de um cassino, ao apostar todas as fichas no mesmo número.

Em contraponto a esta premonição, muito pessoal, das possibilidades predatórias em todos os segmentos de mercado, provocados pela instalação de empresas dos mais variados setores produtivos, vale ressaltar que abre-se, paralelamente, um imenso universo de perspectivas de novas e atraentes parcerias e terceirizações, principalmente, no âmbito da prestação de serviços, um encargo de fundamental importância operacional que as grandes e médias indústrias multinacionais praticam em todo o planeta.

Como filho da região, que levou tantos anos morando no eixo Rio - São Paulo, e sonhando um dia poder voltar e vivenciar uma nova era progressista, longe da visão feudalista dominante, não posso sonegar o meu sentimento de ver, com bons olhos, o ciclo da indústria canavieira sair de cena e dar lugar a um progresso autossustentável, abrangente e afinado com as aspirações ambientais que promovam o bem-estar comum de nossa sociedade.
Texto produzido em: 26/04/11

Sylvio Muniz é publicitário (05855-SP-1975), fundador, editor e proprietário do Jornal Mania de Saúde e Conselheiro da Ordem dos Jornalistas do Brasil.

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