segunda-feira, 7 de junho de 2010

Dica da Pele

NOVO PREENCHEDOR:
Com o envelhecimento, o rosto perde o contorno e volume, especialmente na região de bochechas e mandíbula. Para repor o volume, a Allergan lançou no mercado o Juvederm Voluma, produto injetável à base de ácido hialurônico de alta densidade. As injeções são feitas profundamente e produzem um aspecto bem natural quando bem realizadas. O efeito dura de 12 a 18 meses.

DEPILAÇÃO A LASER:
É um procedimento seguro e eficaz para o tratamento de pelos corporais indesejados, mas não é isento de efeitos colaterais. Um raro, mas significativo efeito adverso dessa modalidade de tratamento é a hipertricose paradoxal (aumento pelos nas áreas tratadas). O tratamento tem uma baixa incidência, variando de 0,6% a 10%, e ocorre mais comumente na face e no pescoço.

Todas as fontes de luz têm potencial para causar indução de pelos, especialmente em pacientes com tipos de pele mais escuros (III-VI), com pêlos pretos e grossos, e com doenças hormonais subjacentes. Possíveis causas incluem o efeito de mediadores inflamatórios e lesão térmica subterapêutica (utilização de baixas energias do laser), causando indução do ciclo do pelo.

Hipertricose paradoxal é um efeito colateral raro da depilação a laser, a causa desse evento permanece amplamente desconhecida. O tratamento é a terapia à laser com altas energias nas áreas afetadas.

AUTO EXAME DA PELE:
Avalie o crescimento de manchas de aparência elevada e brilhante, avermelhada, castanha ou multicolorida; atenção com as pintas pretas ou castanhas que mudam a cor, textura, tornam-se irregular nas bordas e aumentam de tamanho; não ignore mancha ou ferida que não cicatriza por mais de um mês.


Dra. Ana Maria Pellegrini
Dermatologista e responsável técnica pela PELLE


Na Vitrine: Antígona

Filha de Édipo, Antígona vive a maldição que marcou a casa de Laio, desde o momento em que este, depois de ter sido acolhido por Pélope, seduz Crisipo, seu filho e herdeiro do trono da Frigia. Sobre toda descendência de Laio, foi lançada a “maldição dos labdácidas” da qual Édipo é a primeira vítima.

A morte de Antígona é uma etapa da luta que Polinice e Etéocles, protegido por Creonte, travam pelo trono de Tebas, após a morte de Édipo. Em duelo fratricida Polinice morre e Creonte proíbe que lhe sejam prestadas as honras fúnebres, que seja dado a seu corpo o aconchego da sepultura que em um abraço maternal o devolve à terra-mãe.

Insurgindo-se contra o edito real de Creonte, Antígona, obedecendo a uma voz silenciada mas inscrita no sempre, estilhaça a palavra creôntica quando levada pelo entusiasmo, no sentido grego da palavra, cobre de terra o corpo de Polinice.

A morte, limite imposto à vida terrena, exige de quem a contempla o gesto ético do sepultamento, quando o homem, então, retorna ao mistério do nunca mais.

Transgredindo leis políticas, desafiando leis terrestres, Antígona rompe com a arbitrariedade do poder e sobre o cadáver exposto à voracidade das aves, lança sobre ele um punhado de terra. Para os gregos, os corpos insepultos erravam durante cem anos, às margens do rio Estige, rio das águas do inferno. Antígona toma sua ação como cumprimento de dever e é punida com a morte, ainda que seu ato fique inscrito na galeria das desobediências cósmicas que movem o mundo.

Em diálogo:
Creonte: Tiveste então a ousadia de transgredir as leis?
Antígona: É que essas leis não foi Zeus que as promulgou, nem a Justiça que coabita com os deuses subterrâneos estabeleceu tais leis para os homens. Entendi que os teus editos não tinham o poder para induzir um mortal a infringir decretos tão divinos, não escritos mas imutáveis.

Esses não são de hoje, nem de ontem, mas vigoram sempre e ninguém sabe quando surgiram. Ora, eu não ia incorrer no castigo dos deuses, violando essas leis, por temor de homem algum. Que havia de morrer já o sabia: como não? ainda mesmo que o não tivesses decretado. (Grifo meu)

Em Antígona, a silenciosa lei natural que é determinada pelos costumes mais antigos e religiosos vence a lei positiva, criação cultural dos homens. O silêncio do poder religioso, poder fundante, pura significação, está acima dos códigos sociais e introjeta significações que ultrapassam a racionalidade do homem. e se sobrepõem à palavra do poder político.

Antígona está presente no teatro de Sófocles que com Eurípides e Ésquilo compõe a tríade responsável pela transtemporalidade do teatro grego.


Arlete Sendra
Arlete Sendra é graduada em letras clássicas (português, latim e grego), é Mestre em Literatura Brasileira, Doutora em Literatura de Língua Portuguesa, e Pós-doutorada em semiótica. Atualmente, Arlete é docente e pesquisadora da Universidade Estadual do Norte Fluminense - UENF e Presidente da Academia Campista de Letras.


Comovente poesia do elucidativo olhar feminino

Seu segredo a mulher não revela. Enquanto enigma ela acredita que um Édipo possa decifrá-la e enquanto mistério ela só é alcançável pelo olhar mítico do poeta.- Arlete Parrilha Sendra.

Há grandes escritores, como Euclides da Cunha, que escrevem à ponta de faca, tal a ferocidade de sua crítica social. Mas há escritoras, como a Arlete da epígrafe, que tecem poemas em prosa com névoas do luar, mesmo quando abordam temas explosivos. Daí o encantamento diante do ensaio de sua lavra intitulado ...mas o amor ele não conquistou!. É elucidativa, para o que se quer demonstrar, a abordagem feminina do dramático relacionamento conjugal entre o autor de Os Sertões e a sua esposa, nascida Ana Emília Ribeiro Sólon e que, ao se tornar amante do então jovem oficial do Exército Dilermando de Assis, foi co-responsável pelo episódio sangrento mais comovente e comentado do início do século XX: o duelo do qual resultou a morte de Euclides Rodrigues Pimenta da Cunha.

Somente o texto primoroso de Arlete Parrilha Sendra a trescalar o inefável feminino poderia, por exemplo, turbar a opinião, praticamente por todos aceita, do respeitado Sylvio Rabelo, no sentido de que Euclides da Cunha era infenso ao amor conjugal, pois não se conhece nenhum gesto, palavra ou apenas olhar que indicasse a ternura do homem saudável pela mulher ou pelas mulheres que fosse encontrando pelo caminho. Faltou, sem dúvida, ao biógrafo de Euclides a penetrante acuidade feminina respaldada por um profundo conhecimento de psicologia revelada por alguém que, compreendendo os dois lados da tragédia, situou-se distante dos aplausos e dos apupos, bem como da furibunda crítica ao casal, quer verberando o marido enganado, quer estigmatizando Ana Emília como reles Messalina.

Euclides da Cunha era um tímido, que jamais deixou de aspirar à dádiva de um forte amor do sexo frágil. Ele mesmo confessou que nunca perdeu a timidez de filho da roça. E tornou-se, com o correr do tempo, marcado por sérios contratempos, inclusive com o acometimento da tuberculose, um tímido a escarrar sangue. A verdade é que as mulheres dele se afastavam.

Dentre elas, após a insidiosa doença, a própria Ana Emília. Mas Arlete, certamente em exaustiva pesquisa, conseguiu constatar a contida, porém a imensa ternura que ele devotava às mulheres e, mormente, à sua mulher, nos primeiros instantes da vida conjugal. E o fez ao pinçar este quinteto pando de beleza trágica, que saiu da pena do homem que, tendo conhecido a glória ao relatar, sobretudo, a Guerra dos Canudos, viu tudo se esfacelar mercê de um destino cruel:

É nessa hora, a deslizar, cansado./ Preso nas sombras de um presente escuro/ E nem sequer um riso em lábio amado/ _ Que eu choro triste os risos do passado, / Que eu adivinho os prantos do futuro.

É que estes versos canônicos como que confirmam a sinceridade do homem apaixonado por Ana Emília que, no instante primeiro, como registrou Arlete, para ela deixou o seguinte bilhete: Entrei aqui com a imagem da República e parto com a sua imagem.

Talvez este olhar primeiro, que tudo vê, por tudo sentir, generoso até o cerne, tenha sido a Pedra Filosofal que levou Arlete, tão distante do episódio avoengo, a compreender, ao longe, o terrível desencontro de um titã incendiado de amor ao Brasil e de uma pobre ninfa, tão somente sequiosa do amor carne, ternura e enlevo. Só mesmo uma educadora da estatura intelectual e da sensibilidade de Arlete Parrilha Sendra seria capaz de iluminar, com o olhar mítico dos poetas, num ensaio imorredouro, a escuridão a que somos levados pelas nossas paixões. Tétrica escuridão que abateu, que jogou no abismo um casal levado de roldão pelos seus próprios limites, existencialmente marcados pelo sonho, pela angústia, pelo desespero e pelo espanto.


Fernando da Silveira, Mestre em Comunicação Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, é professor da Faculdade de Direito de Campos e da FAFIC e membro da Academia Campista de Letras.

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