segunda-feira, 7 de junho de 2010

Qual a receita?

O Jornal Mania de Saúde que editamos para as regiões Lagos/Norte Fluminense acaba de completar dezenove anos, e os repórteres responsáveis pela cobertura naquela área geoeconômica tiveram a ideia de mudar o foco da matéria envolvendo pessoas que viram o jornal nascer, para falar um pouco de sua história, mas de uma maneira inversa. Ao invés de entrevistados, eles seriam os entrevistadores, isto é, cada um deles faria uma pergunta, que seria respondida por mim. Achei a proposta interessante, e as pessoas envolvidas adoraram. Era, naturalmente, o dia da caça.

As perguntas inteligentes guardavam, de forma sutil ou direta, a curiosidade em saber a fórmula mágica, ou melhor, a receita que fez o jornal tão querido e ansiado, a cada edição, pelos seus leitores, ao longo desses anos, e eu sempre repito: Respeito.

Respeito à inteligência do público leitor; Respeito à ética editorial; Respeito ao investimento em publicidade dos nossos clientes e parceiros, que esperam retorno dos seus anúncios, e respeito pelos prazos de circulação ininterrupta do Mania de Saúde nesses dezenove anos de vida, que sedimentaram o hábito de leitura que faz com que as pessoas fiquem na expectativa, a cada princípio de mês, pelo seu exemplar.

Sobre receita, ouvi de um cheff de cozinha, certa vez, que ele não tinha medo de repassar as suas receitas para ninguém pelo receio de que os seus clientes mudassem para o concorrente. E lembrou, para ilustrar a nossa conversa sobre o assunto, que, mesmo que ele cortasse em fatias, de igual tamanho e espessura, uma mesma peça de carne, para preparar simples bifes, e desse cada um daqueles pedaços para um cozinheiro diferente, nenhum bife sairia igual ao outro, pois cada um iria imprimir o seu talento, a sua forma de preparo, os seus temperos, a sua criatividade e, principalmente, o seu comprometimento em servir bem a quem o sustenta: o cliente.

É esse comprometimento que consolida a trajetória de sucesso de qualquer empresa, não importa o tamanho, em qualquer segmento de mercado, segundo o meu humilde entendimento, ou o fracasso de tantos projetos que surgem e desaparecem, notadamente na área da mídia, sejam jornais ou revistas. Na área midiática, o difícil é ser comprometido, cada dia de sua vida, com os objetivos projetados, sem a ânsia de auferir ganhos de forma rápida, como se a principal meta fosse a realização financeira, sem a necessária paciência para regar, adubar e cuidar para que cada edição seja, simbolicamente, uma semente plantada, e o saldo pecuniário, apenas o resultado desse comprometimento ao longo de uma vida.

Dedico esta receita a todos que, durante 19 anos, acreditaram em nosso trabalho.


Sylvio Muniz é publicitário (05855-SP-1975), fundador, editor e proprietário do Jornal Mania de Saúde e Conselheiro da Ordem dos Jornalistas do Brasil.


Adoniran Barbosa

Neste ano de 2010 diversas atividades já foram realizadas ou estão programadas para ressaltar o centenário do grande Noel Rosa. Porém, um outro importante nome da música brasileira também estaria completando cem anos se vivo fosse, só que não está sendo lembrado como deveria, embora seja merecedor de aplausos pelas suas composições.

Refiro-me a Adoniran Barbosa, cujo nome verdadeiro era João Rubinato, filho de emigrantes italianos e que passou sua infância na luta pela vida nas ruas de São Paulo, tendo abandonado a escola muito cedo, pois não gostava de estudar e necessitava trabalhar para ajudar a família numerosa que, sempre em busca de dias melhores, vivia mudando de cidade. Moram primeiro em Valinhos, depois Jundiaí, Santo André e finalmente São Paulo.

O compositor e cantor foi forjado na rua, na observação do dia a dia e da comédia que podia resultar do fracasso. Adoniram queira ser ator, coisa que não conseguiu, pelo que o samba lhe apareceu de forma acidental, mas que o colocou no mundo do rádio e a principio se desenvolve não com suas composições, mas sim interpretando outros compositores. Só depois é que o compositor se fará maior que o locutor ou o cantor.

A importância de Adoniram está na própria linguagem de seus sambas, totalmente inversa dos
temas da época. A composição de Adoniram é um retrato bem humorado da dor do cotidiano, uma reprodução exata do ritmo e da fala popular do paulista. As composições de Adoniran descrevem tipos humanos que passam despercebidos na grande metrópole, formando um painel social do mundo que ele vivenciava.

Na sua sabedoria popular não se contentou apenas em retratar o drama dos solitários e humildes, mas sim temperar este mesmo drama com uma dose de humor, ainda que no fundo tudo fosse amargo. Na música de Adoniram encontramos os despejados da favela, os engraxates, a mulher submissa que se revolta e abandona a casa, o homem solitário e outros tipos típicos do comum. Basta ouvir Saudosa Maloca, Samba do Arnesto ou Trem das Onze para confirmar o que aqui afirmamos.

O primeiro casamento não perdurou nem por um ano. Depois veio o segundo, com Dona Matilde, que durou a vida toda e que foi de enorme importância na vida de Adoniran, pois a esposa sabe com quem convive e não só prestigia sua carreira como o incentiva a ser quem é e como é, inclusive ajudando-o nos momentos mais difíceis.

Embora suas composições venham a se tornar sucessos e de execução obrigatória em qualquer roda de samba ou casa de espetáculo, sua carteira continuava vazia. Vivendo na realidade Adoniran colecionou amigos e boemia, mas nasceu e morreu pobre, mas deixou seu nome gravado na história da MPB.

Justíssimas as homenagens a Noel Rosa, um dos compositores que eu, pessoalmente, mais gosto e aprecio, mas de injustiça sem igual o esquecimento de Adoniran Barbosa.


Dr Edmundo Machado é juiz aposentado, dono de escritório de advocacia tributária e empresaria que leva o seu nome, músico diletante e colunista/colaborador do Mania de Saúde.


Que falta de comunicação

Comunicação é uma palavra de complexo sentido e, como tal, abre uma infinidade de possibilidades em variados segmentos. Com o surgimento das novas tecnologias e redes sociais interativas e virtuais, acompanhamos a sofisticação e aprimoramento de métodos de comunicação já existentes. Nunca, na História da Humanidade, nos comunicamos e informamos tanto. Aflorando, a cada dia, novas alternativas comunicacionais, dinamizando as oportunidades e diversidade na comunicação.

Essa evolução na área da comunicação é parte integrante da própria evolução do homem e da sociedade, mesmo porque é sabido que a comunicação está diretamente ligada aos sentidos humanos. Pensando nisso, como é possível que em uma repartição pública possa existir um vidro com uma mínima abertura inferior como intermediador entre as pessoas atendidas no balcão e os funcionários de tal estabelecimento municipal?

Isto vem reforçar a tese da burocracia como mais uma forma de manifestação e imposição do poder. Qualquer guichê de atendimento ao público deve priorizar não só os meios de comunicação corretos, mas também primar pela utilização de meios e linguagem correta para cada tipo de atendimento. Não é de se espantar o clima de desconforto entre as pessoas envolvidas no processo.

Hoje em dia, o termo comunicação tem o seu real sentido amplificado, diversos são os exemplos a serem dados, apesar disso, ainda convivemos com esta falta de dinamismo e imposição de barreiras que impedem as simples relações entre os indivíduos.


AdrianoFerraiouli

Redação
maniadesaude@jornalmaniadesaude.com.br

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