O Brasil é um país que se notabilizou como polo de excelência na área da cirurgia plástica, reflexo da influência internacional do cirurgião plástico, Dr. Ivo Pitanguy, aliada à beleza e à vaidade da mulher brasileira, cujo corpo, em exposição constante, contemplado pelo clima tropical, tornou célebre o hino à estética e à sensualidade, através da música de Vinícius de Moraes e Tom Jobim, Garota de Ipanema.
Ao longo das últimas duas décadas, o nosso país tornou-se rota do turismo científico, através da oferta abundante de serviços na área da estética, mercado que mais cresceu no período e que levou o Brasil à segunda colocação do ranking, por número de procedimentos, no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, valendo lembrar que, dos procedimentos cirúrgicos, a lipoaspiração eleva o Brasil ao topo mundial deste ranking, tendo já sido efetuadas 253.481 cirurgias, até o momento.
Diante de um número extraordinário de procedimentos executados, parece soar como intolerante a indignação da sociedade brasileira, quando um óbito é ocorrido por conta de um erro médico ou por inadequação do local da realização de procedimentos cirúrgicos.
O Jornal Mania de Saúde ouviu, na entrevista realizada a seguir, o médico especializado em cirurgia plástica, Dr. Fabrício Massote Lima, para saber das razões do insucesso e das sequelas deixadas por algumas lipoaspirações realizadas.
Mania de Saúde: Dr. Fabrício, o que tem elevado os casos de denúncias de erro médico, pela mídia nacional, nos procedimentos de lipoaspiração?
Dr. Fabrício Massote Lima: "Raramente a lipoaspiração traz sérias complicações, desde que seja observado o cumprimento do que determina a Resolução nº 1.711, de 10 de Dezembro de 2003 , do Conselho Federal de Medicina, que é fundamental para se excluir riscos e estabelecer parâmetros de segurança que devem ser observados nas cirurgias de lipoaspiração, visando garantir ao paciente o direito de decisão pós-informada, e aos médicos, os limites e critérios de execução. O perigo não é maior nem menor que qualquer outra cirurgia eletiva.
Dos 13 artigos que compõe a Resolução nº 1.711, vale ressaltar alguns, cujos textos poderão ajudar os leitores do Mania de Saúde a um entendimento maior do procedimento, bem como do grau de exigência que deve permear a sua realização.
No Artº 1: "Reconhecer a técnica de lipoaspiração como válida e consagrada dentro do arsenal da cirurgia plástica, com indicações precisas para correções do contorno corporal em relação à distribuição do tecido adiposo subcutâneo";
Artº 3: "Que há necessidade de treinamento específico para a sua execução, sendo indispensável a habilitação prévia em área cirúrgica geral, de modo a permitir a abordagem invasiva do método".
MS: Quanto se emagrece, em média, com a lipoaspiração?
Dr. FML: "A lipoaspiração ou lipoescultura não tem o objetivo de emagrecer. Sendo uma cirurgia que retira determinada quantidade de gordura, evidentemente haverá uma redução de peso, que varia de acordo com o volume corporal de cada paciente. Não são, entretanto, os "quilos" retirados que definirão o resultado estético, mas sim a harmonia do contorno corporal."
MS: Quais os hábitos pessoais que podem interferir negativamente em uma lipoaspiração ou lipoescultura?
Dr. FML: "O tabagismo, por exemplo. Peço sempre que abandonem o cigarro vinte dias antes da cirurgia. O cigarro e o anticoncepcional, ou o uso de ambos, podem promover uma trombose. Vale lembrar que uma em cada quatro mortes em lipoescultura ou lipoaspiração é causada por embolias e tromboses."
MS: São utilizados curativos?
Dr. FML: "Sim. Curativos semi-compressivos com cintas especiais (modeladores), mantidos, em média, por um período de 30 a 45 dias."
MS: Qual o período de internação?
Dr. FML: "Pode variar de algumas horas a um dia, dependendo do tipo de procedimento."
MS: Dr. Fabrício, por falar em tipo de procedimento, surgiu, ultimamente, uma gama variada de tipos de cirurgia ligadas à lipoaspiração, como hidrolipo, lipoescultura e lipolight. Afinal, qual a mais indicada para a satisfação do paciente?
Dr. FML: "São meras rotulações que não atestam, cientificamente, um diferencial de segurança maior entre elas. Lembro as palavras de Dr. Luiz Otávio Rodrigues Ferreira, Assessor Jurídico da SBCP, quando afirma: Os recentes levantamentos apontam que a maioria esmagadora dos erros médicos decorrentes de lipoaspiração é praticada por médicos não especialistas em cirurgia plástica."
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