quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Tragédias naturais: é possivel minimizar os estragos?

O ano mal havia começado e já era possível ver os estragos ocasionados pela chuva em diversos locais do país. Mas nenhuma se compara à pior da história do Brasil: a tragédia da região serrana.
Com mais de 800 pessoas mortas e aproximadamente 400 sem serem encontradas, especialistas no assunto garantem que, se existisse mais interesse e esforço por parte das autoridades competentes, essa tragédia poderia ter sido evitada.

Por isso, com o objetivo de alertar a população com até 12 horas de antecedência sobre eventuais temporais, as secretarias do Ambiente e da Ciência e Tecnologia juntarão esforços e recursos para a criação de uma rede de monitoramento de áreas de risco em todo o Estado do Rio de Janeiro, com radares instalados nas cidades de Resende e Macaé.

Em entrevista exclusiva ao jornal Mania de Saúde, Valdo Marques, chefe do laboratório de meteorologia da UENF, aponta que os radares meteorológicos são bem-vindos ao nosso Estado, mas alguns cuidados devem ser tomados para que eles funcionem, realmente, na prática. "Digo isso com todo conforto, pois há 20 anos venho propondo a instalação de radares em nosso Estado.
Mas é preciso ter certa cautela com um empreendimento desta natureza. Primeiro que esta iniciativa atual não partiu dos especialistas na matéria. O anúncio foi feito pela Secretaria de Ambiente, um órgão que tradicionalmente nunca se envolveu com a Meteorologia. Aliás, a Meteorologia Estadual afeta a Secretaria de Ciência & Tecnologia do Estado, que até agora nada pronunciou a respeito", explica o profissional, acrescentando o principal problema.

"Além disso, o nosso Sistema de Meteorologia do Estado do Rio de Janeiro está em total descaso por parte do Governo do Estado, com instalações precárias ao lado da Favela de Manguinhos, por exemplo. Portanto, não sei como esses radares se integrarão ao Serviço de Meteorologia do Estado", ressalta.

Por outro lado, tecnicamente, o radar meteorológico não é uma ferramenta que permite fazer previsão de tempo. É apenas uma ferramenta que indica a situação atual das condições no entorno do equipamento e que, ainda segundo Valdo, existem técnicas que usam as imagens, por meio de um mecanismo de sequência de dados passados que permitem fazer uma extrapolação para até as duas horas seguintes.

"Ou seja, é um equipamento que permite um diagnóstico da situação e ajuda muito os meteorologistas. Outra coisa que precisa ser mencionada é que a operação e a manutenção de um radar não são coisas simples e demandam um custo relativamente elevado. O ideal é que o equipamento seja operado por alguma força militar. O uso das imagens deve ser feito por especialistas para que se possa tirar o máximo proveito deste importante equipamento. Assim, os radares, por si só, não conseguem prever o tempo, mas ajudam na previsão do tempo que, se bem feita, colabora muito para a diminuição dos efeitos danosos sobre a população", conclui.


Redação
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