terça-feira, 11 de outubro de 2011

artur gomes - reVirando a Tropicália

foto: helo landin

Sesc Rio apresenta:
Artur Gomes: ReVirando a Tropicália
Participação especial do rapper Dizzy Ragga
Dias 26 e 27 outubr0 – 19:00h
Espaço Plural – Sesc Campos

 sérgio sampaio – eu viajei de trem

Viajei De Trem


Fugi pela porta do apartamento
Nas ruas, estátuas e monumentos
O sol clareava num céu de cimento
As ruas, marchando, invadiam meu tempo
Viajei de trem
Viajei de trem
Viajei de trem
Viajei de trem, eu vi...
O ar poluído polui ao lado
A cama, a dispensa e o corredor
Sentados e sérios em volta da mesa
A grande família e o dia que passou
Viajei de trem, eu viajei de trem
Eu viajei de trem, mas eu queria
Eu viajei de trem, eu não queria...
Eu vi...
Um aeroplano pousou em Marte
Mas eu só queria é ficar à parte
Sorrindo, distante, de fora, no escuro
Minha lucidez nem me trouxe o futuro
Viajei de trem
Viajei de trem
Viajei de trem
Viajei de trem, eu vi...
Queria estar perto do que não devo
E ver meu retrato em alto relevo
Exposto, sem rosto, em grandes galerias
Cortado em pedaços, servido em fatias
Viajei de trem
Eu viajei de trem
Mas eu queria
É viajar de trem
Eu vi...
Seus olhos grandes sobre mim
Seus olhos grandes sobre mim

Sérgio Sampaio


Desde que saí de casa
trouxe a viagem da volta
gravada na minha mão
e enterrada no umbigo 
dentro e fora assim comigo
minha própria condução

Todo dia é o dia dela
pode não ser pode ser
abro a porta e a janela 
todo dia é dia D

Há urubus no telhado
e a carne seca é servida
um escorpião encravado
na sua própria ferida
não escapa só escapo
pela porta da saída

Todo dia é mesmo dia
de amar-te e a morte morrer;
todo dia é mais dia, menos dia
é dia D.

Torquato Neto

VeraCidade

por quê trancar as portas 
tentar proibir as entradas 
se já habito os teus cinco sentidos 
e as janelas estão escancaradas ? 

um beija flor risca no espaço 
algumas letras de um alfabeto grego 
signo de comunicação indecifrável 
eu tenho fome de terra 
e esse asfalto sob a sola dos meus pés 
agulha nos meus dedos 

quando piso na Augusta 
o poema dá um tapa na cara da Paulista 
flutuar na zona do perigo 
entre o real e o imaginário 
João Guimarães Rosa Caio Prado Martins Fontes 
um bacanal de ruas tortas 

eu não sou flor que se cheire 
nem mofo de língua morta 
o correto deixei na cacomanga 
matagal onde nasci 

com os seus dentes de concreto 
São Paulo é quem me devora 
e selvagem devolvo a dentada 
na carne da rua Aurora 

Artur Gomes

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