eu te desejo flores lírios brancos margaridas girassóis rosas vermelhas e tudo quanto pétala asas estrelas borboletas alecrim bem-me-quer e alfazema eu te desejo emblema deste poema desvairado com teu cheiro teu perfume teu sabor, teu suor tua doçura e na mais santa loucura declarar-te amor até os ossos eu te desejo e posso palavrarte até a morte enquanto a vida nos procura (artur gomes)
sexta-feira, 30 de setembro de 2011
terça-feira, 27 de setembro de 2011
conexões urbanas - último sábado no ciep clóvis tavares
O projeto conexões urbanas faz no próximo sábado sua última rodada no ciep Clóvis Tavares no Parque Esplanada/Leopoldina. A partir do sábado 8/10 conexões urbanas estará acontecendo em Ururaí. Conexões Urbanas é uma realização do Sesc Rio executado por sua unidade de Campos, tem coordenação de Helô Landin e produção de Nelsinho Martins(Meméia) e tem em sua equipe de professores Jhony Nunes(grafite), Tim Carvalho(dança), Luciano Paes(skate) e Jorginho(basquete de rua).
segunda-feira, 26 de setembro de 2011
Jefferson Manhães Azevedo
No vídeo acima, Jefferson Manhães Azevedo - Diretor do
Câmpus Campos - Centro do Iff fala sobre Inclusão Digital.
A Máquina do Mundo
Carlos Drummond de Andrade
E como eu palmilhasse vagamente
uma estrada de Minas, pedregosa,
e no fecho da tarde um sino rouco
se misturasse ao som de meus sapatos
que era pausado e seco; e aves pairassem
no céu de chumbo, e suas formas pretas
lentamente se fossem diluindo
na escuridão maior, vinda dos montes
e de meu próprio ser desenganado,
a máquina do mundo se entreabriu
para quem de a romper já se esquivava
e só de o ter pensado se carpia.
Abriu-se majestosa e circunspecta,
sem emitir um som que fosse impuro
nem um clarão maior que o tolerável
pelas pupilas gastas na inspeção
contínua e dolorosa do deserto,
e pela mente exausta de mentar
toda uma realidade que transcende
a própria imagem sua debuxada
no rosto do mistério, nos abismos.
Abriu-se em calma pura, e convidando
quantos sentidos e intuições restavam
a quem de os ter usado os já perdera
e nem desejaria recobrá-los,
se em vão e para sempre repetimos
os mesmos sem roteiro tristes périplos,
convidando-os a todos, em coorte,
a se aplicarem sobre o pasto inédito
da natureza mítica das coisas,
assim me disse, embora voz alguma
ou sopro ou eco ou simples percussão
atestasse que alguém, sobre a montanha,
a outro alguém, noturno e miserável,
em colóquio se estava dirigindo:
"O que procuraste em ti ou fora de
teu ser restrito e nunca se mostrou,
mesmo afetando dar-se ou se rendendo,
e a cada instante mais se retraindo,
olha, repara, ausculta: essa riqueza
sobrante a toda pérola, essa ciência
sublime e formidável, mas hermética,
essa total explicação da vida,
esse nexo primeiro e singular,
que nem concebes mais, pois tão esquivo
se revelou ante a pesquisa ardente
em que te consumiste... vê, contempla,
abre teu peito para agasalhá-lo.”
As mais soberbas pontes e edifícios,
o que nas oficinas se elabora,
o que pensado foi e logo atinge
distância superior ao pensamento,
os recursos da terra dominados,
e as paixões e os impulsos e os tormentos
e tudo que define o ser terrestre
ou se prolonga até nos animais
e chega às plantas para se embeber
no sono rancoroso dos minérios,
dá volta ao mundo e torna a se engolfar,
na estranha ordem geométrica de tudo,
e o absurdo original e seus enigmas,
suas verdades altas mais que todos
monumentos erguidos à verdade:
e a memória dos deuses, e o solene
sentimento de morte, que floresce
no caule da existência mais gloriosa,
tudo se apresentou nesse relance
e me chamou para seu reino augusto,
afinal submetido à vista humana.
Mas, como eu relutasse em responder
a tal apelo assim maravilhoso,
pois a fé se abrandara, e mesmo o anseio,
a esperança mais mínima — esse anelo
de ver desvanecida a treva espessa
que entre os raios do sol inda se filtra;
como defuntas crenças convocadas
presto e fremente não se produzissem
a de novo tingir a neutra face
que vou pelos caminhos demonstrando,
e como se outro ser, não mais aquele
habitante de mim há tantos anos,
passasse a comandar minha vontade
que, já de si volúvel, se cerrava
semelhante a essas flores reticentes
em si mesmas abertas e fechadas;
como se um dom tardio já não fora
apetecível, antes despiciendo,
baixei os olhos, incurioso, lasso,
desdenhando colher a coisa oferta
que se abria gratuita a meu engenho.
A treva mais estrita já pousara
sobre a estrada de Minas, pedregosa,
e a máquina do mundo, repelida,
se foi miudamente recompondo,
enquanto eu, avaliando o que perdera,
seguia vagaroso, de mãos pensas.
Este poema foi escolhido como o melhor poema brasileiro de todos os tempos por um grupo significativo de escritores e críticos, a pedido do caderno “MAIS” (edição de 02-01-2000), publicado aos domingos pelo jornal “Folha de São Paulo”. Publicado originalmente no livro “Claro Enigma”, o texto acima foi extraído do livro “Nova Reunião”, José Olympio Editora – Rio de Janeiro, 1985, pág. 300.
tô na rua na cidade e na periferia
Esse Filme Eu Já Vi
Luiz Melodia
Tô na rua fim de semana
Não venha me por medo
Eu já saio um rochedo
Não te vi, não te conheço
Você tá falando grego
Esse filme eu já vi
Em toda esquina tem cenário
E eu visível de otário
Eles servindo a nossa dor
Na minha tela otário
Pode apagar ser barco a vela
Que esse filme eu já vi
Amanheceu lá na calçada
Morreu de amorou cráqueada
De porrada ou viciada
Passo eu a navalha na noite
Esse filme eu já vi
Anoiteceu na minha garganta
Um mistério afogado
Frente a luz, frente ao estado
Frente a cara do guri
Dei mais dois pra não sorrir fumei
Esse filme eu já vi
Dei mais dois pra conhecera vida
Esse filme eu já vi
Não venha me por medo
Eu já saio um rochedo
Não te vi, não te conheço
Você tá falando grego
Esse filme eu já vi
Em toda esquina tem cenário
E eu visível de otário
Eles servindo a nossa dor
Na minha tela otário
Pode apagar ser barco a vela
Que esse filme eu já vi
Amanheceu lá na calçada
Morreu de amorou cráqueada
De porrada ou viciada
Passo eu a navalha na noite
Esse filme eu já vi
Anoiteceu na minha garganta
Um mistério afogado
Frente a luz, frente ao estado
Frente a cara do guri
Dei mais dois pra não sorrir fumei
Esse filme eu já vi
Dei mais dois pra conhecera vida
Esse filme eu já vi
debaixo da sacada a escada trota
pássaro sem teto acima do delírio
coração de porco crava no oco da noite
a faca cega, punhal de cinco estrelas
na constelação do cão maior
por onde úrsula nua passeia
dédala de dandi deusa de dali lua de dada
no coração do pintor sem fronteiras
acima do pé de abóbora
embaixo do pé de cajá
malásia não é aqui
espanha não além mar
salvador não é dali
a mulher que eu quero mesmo
e uma dedé que não dada
bia de dante do inferno itamarati itamaracá
constelação ursa maior
pra dada meu coração pra dedé não sou cantor
quando quero quero mesmo
espuma nylon pele tecido isopor
arturgomes
sexta-feira, 23 de setembro de 2011
conexões urbanas
Neste sábado mais uma rodada do projeto conexões urbanas no ciep Clóvis Tavares das 14 as 17h com oficinas de gravite, skate, basquete de rua e dança de rua, com Jhony Nunes, Luciano Paes, Jorginho e Tim Carvalho. O Conexões é um Projeto do Sesc Rio executado aqui através do Sesc Campos, com coordenação de Helô Landin e produção de Nelsinho Martins (Meméia).
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quarta-feira, 21 de setembro de 2011
Fulinaimagem Artur Gomes & May Pasquetti
Recital realizado na Escola Cecília Meireles – Bento Gonçalves – congresso Brasileiro de Poesia – outubro - 2009
Desde 1996 quando pela primeira vez, convidado por Ademir Antônio Bacca fui ao Congresso Brasileiro de Poesia, que Bento Gonçalves faz parte anualmente da minha agenda na primeira semana de outubro. A experiência vivida na cidade, falando poesia nas ruas, nas praças, nas Escolas no Hospital e no Centro de Recuperação Psiquiátrica, além do convívio com os mais de 100 poetas brasileiros que lá comparece,m a cada edição do evento é indescritível.
Lá estaremos mais uma ao lado de Jiddu Saldanha, Tanussi Cardoso, Ronaldo Werneck, Rodrigo Mebs, Claudia Gonçalves, Laura Esteves, Jorge Ventura, Telma da Costa, Eduardo Tornagui, Dalmo Saraiva, Glauter Barros, May Pasquetti, ee tantos outros poetas brasileiros, chilenos e uruguaios.
Lá conheci minha parceira de palco May Pasquetti e com ela venho desenvolvendo desde 2006 as performances com as quais me apresento no Congresso. Este ano vamos focar poeticamente a loucura e suas múltiplas facetas no recital O Delírio é A Lira do Poeta se O Poeta Não Delira Sua Lira não Profeta, com poemas da minha lavra, além de Torquato Neto, Adélia Prado, Sérgio Sampaio, Eliakin Rufino e Affonso Romano de Sant´anna, o homenageado deste ano.
Afiando a carNAvalha
para Eliakin Rufino
cocada agora
só se for de coco
paçoca de amendoin
cigarro só se for de palha
cacique só se for da mata
linguagem só tupiniquim
bala só se for de prata
água só se aguardente
tônica só se for com gin
estado só se for de surto
eleição só se for sem furto
brilho só no camarim
golaço só se for de letra
ronaldo nem se for gaúcho
malandro só se mandarim
política só se for decente
partido só sem presidente
governo eu que mando em mim
batismo só se for de pia
congresso só de poesia
reinaldo pode ser jardim
cocada agora
só se for de coco
paçoca de amendoin
cigarro só se for de palha
cacique só se for da mata
linguagem só tupiniquim
bala só se for de prata
água só se aguardente
tônica só se for com gin
estado só se for de surto
eleição só se for sem furto
brilho só no camarim
golaço só se for de letra
ronaldo nem se for gaúcho
malandro só se mandarim
política só se for decente
partido só sem presidente
governo eu que mando em mim
batismo só se for de pia
congresso só de poesia
reinaldo pode ser jardim
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terça-feira, 20 de setembro de 2011
paulo ciranda no velho armazem
Paulo Ciranda
Neste sábado, 24 de setembro – 21:00hs
Com participação do percussionista Marcos Niedo
Local: Velho Armazém
Praia de São Francisco, 6 – Niterói-RJ
poema de Artur Gomes musicado e cantado por Paulo Ciranda
a lavra da palavra quero
quando for pluma mesmo sendo espora
felicidade uma palavra
onde a lavra explora
se é saudade dói mas não demora
e sendo fauna linda como a flora
lua luanda vem não vá embora
se for poema fogo do desejo
quando for beijo
que seja como agora
quando for pluma mesmo sendo espora
felicidade uma palavra
onde a lavra explora
se é saudade dói mas não demora
e sendo fauna linda como a flora
lua luanda vem não vá embora
se for poema fogo do desejo
quando for beijo
que seja como agora
arturgomes
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segunda-feira, 19 de setembro de 2011
As aparências enganam
A máscara é, possivelmente, o mais simbólico elemento de linguagem cênica através de toda história do teatro. Para a psicologia, a sua história milenar, hoje, representa muito mais do que apenas uma fantasia, é uma verdadeira forma de personalidade. Pelo menos, é o que afirma a psicóloga Tânia Maria Vieira, que relata ao Mania de Saúde o verdadeiro papel das máscaras e a sua utilização nas esferas social e artística.
Segundo ela, a máscara se faz presente na história da humanidade, seja como objeto ritualístico, elemento cênico ou adereço carnavalesco, ajudando-nos a encontrar caminhos. "O teatro criou uma vasta galeria de personagens: herói generoso, linda donzela, esposa incansável, marido ciumento, velho rabugento, altruísta, entre outros. Ainda hoje continuamos a nos mascarar nos bailes da vida! O fato de nem sempre podermos nos mostrar como realmente somos, manifestando nossos sentimentos e emoções, torna o uso da máscara, ou persona, comum para a nossa convivência", explica a profissional, ressaltando que, para o psiquiatra e estudioso da mente humana Jung, a palavra máscara tem o mesmo sentido de fachada aparente do indivíduo, que facilita a comunicação com o mundo externo.
"O objetivo principal é de ser aceito pelo grupo social a que pertence. Considerada uma ferramenta de adaptação, um recurso de defesa psíquica, o qual serve para nos mascarar em nosso dia a dia", ressalta.
É importante, ainda de acordo com a Tânia, que fique clara a distinção entre o papel das máscaras para o ator, para o sujeito comum, para o sujeito que utiliza as máscaras em rituais e para o sujeito em processo terapêutico. "Por de trás de cada máscara está um ‘eu’, que julga não poder ser quem é quando está com outro alguém. Na psicologia, chamamos de "mecanismos de defesa", que não são nada menos do que essas máscaras", enfatiza.
Redação maniadesaude@jornalmaniadesaude.com.br |
O futuro do que é. O futuro do que foi. E o futuro do que será
Para proteger o coração,
a memória esquece.
Arlete Sendra
Penso que o homem mora dentro do futuro. Se o hoje é o futuro do ontem, portanto, o futuro do que foi – o ‘ser sido’–, o homem está dentro do futuro. Se o amanhã é o futuro do hoje, portanto do que é – do ‘estar em situação’–, estamos morando no futuro do ontem porque o hoje é o amanhã do ontem. E se para chegar ao futuro do amanhã, o futuro do será, o homem tem que estar ‘a caminho de’, estar em trânsito, ele já saiu do hoje e adentrou por terras amanhãs. E se está ‘a caminho de’, quer como flaneur, quer como zíngaro, está em terras do será, do ‘por vir’. E estando em caminhos, e por caminhos, ele está em estado de risco, porque o compasso de seus passos pode, em um determinado momento, desritimar dos ritmos dos passos e dos compassos daqueles que com ele estão ‘a caminho de’. E isto explica muita coisa!
Para ser ser em trânsito, o homem tem que conjugar o verbo futurar. E aqui os homens se dividem: uns domesticam sua existência e, numa letargia sem horizontes, vivem uma vida sem perspectiva, se obstinam no ‘ser sido’. e se tornam contemporâneos do passado. Esses, o futuro não os inclui em seus sonhos. Os mais ousados conjugam o verbo futurar no presente: eu futuro. Bandeirantes cósmicos, estes homens enveredam por imprevisíveis e, muitas vezes, inóspitos horizontes. E porque vivem tempos líquidos, marcados pelo efêmero, pelo frágil e a linha de horizontes se afaste sempre à medida que dela se aproximam, o estar em trânsito dá significação a seu por-vir. Ulisses da modernidade líquida, o homem dá a seu futuro uma significativa relevância ainda que esse futuro esteja atrás do atrás dovisível. Em trânsito, o homem libera seu corpo para as sensações, liberta da mente as emoções e deixa transbordar do espírito os sentimentos. E assume a coragem de ser.
Ainda que o futuro seja uma ficção, é ele que acena ao homem a possibilidade de uma outra vida possível de viver. E o homem o busca porque acredita encontrar nele respostas para as inquietações que o tiram de si mesmo e o desestabilizam. ‘A caminho de’, o homem transcende limites, transcende rígidas convenções, explora as fronteiras entre realidade e fantasia, entre consciente e inconsciente, vertentes complementares do ser.
Estando ‘a caminho de’, o homem se aproxima de seus enigmas, não para neles penetrar ou para os decifrar mas, pela proximidade, ser por eles tocado, e assim desenredar suas paisagens interiores. Ao transitar ‘a caminho de’, em trilhas e retrilhas, o homem submerge nos recônditos de seu eu e converte essa experiência em linguagem que no ritual da vida se torna poesia. Tempo a ser desvirginado, tempo a ser inaugurado, o futuro não é ali. É aqui. É agora,
Arlete Sendra Arlete Sendra é graduada em letras clássicas (português, latim e grego), é Mestre em Literatura Brasileira, Doutora em Literatura de Língua Portuguesa, e Pós-doutorada em semiótica. Atualmente, Arlete é docente e pesquisadora da Universidade Estadual do Norte Fluminense - UENF e Presidente da Academia Campista de Letras. | fonte: www.jornalmaniadesaude.com.br |
O Delírio é a Lira do Poeta
Em Bento Gonçalves voltaram a estar juntos em, 2009 e 2010, bem como no Parque das Ruínas em Santa Teresa – Rio de Janeiro no evento Pop Rock Poesia, onde foi filmado o vídeo abaixo. Este ano com um repertório que vai da poesia de Artur Gomes a Sérgio Sampaio, passando por Torquato Neto, Paulo Leminski, Adélia Prado e Affonso Romano de Sant´anna eles apresentam o espetáculo poético O Delírio é A Lira do Poeta se o Poeta Não Delira sua Lira não Profeta.
Delírio 1
de Dante a Chico Buarque
todos os poetas
já cantaram suas musas
Beatriz são muitas
Beatriz são quantas
Beatriz são todas
Beatriz são tantas
algumas delas na certa
também já foram cantadas
por este poeta insano e torto
pra lhes trazer o desconforto
do amor quando bandido
Beatriz são nomes
mas este de quem vos falo
não revelo o sobrenome
está no filme sagrado
na pele do acetato
na memória do retrato
Beatriz no último ato
da Divina Comédia Humana
quando deita em minha cama
e come do fruto proibido
todos os poetas
já cantaram suas musas
Beatriz são muitas
Beatriz são quantas
Beatriz são todas
Beatriz são tantas
algumas delas na certa
também já foram cantadas
por este poeta insano e torto
pra lhes trazer o desconforto
do amor quando bandido
Beatriz são nomes
mas este de quem vos falo
não revelo o sobrenome
está no filme sagrado
na pele do acetato
na memória do retrato
Beatriz no último ato
da Divina Comédia Humana
quando deita em minha cama
e come do fruto proibido
Delírio 2
te procurei na Ipiranga
não te encontrei na Tiradentes
nas tuas tralhas tuas trilhas
nos trilhos tortos do Braz
fotografei os destroços
na íris do satanás
a cara triste da Mooca
a vaca morta no trem
beleza no caos: urbana
beleza é isso também
meu bem ainda mora distante
deste bordel carnavalho
a droga a erva o bagulho
Tietê um tonto espantalho
não te encontrei na Tiradentes
nas tuas tralhas tuas trilhas
nos trilhos tortos do Braz
fotografei os destroços
na íris do satanás
a cara triste da Mooca
a vaca morta no trem
beleza no caos: urbana
beleza é isso também
meu bem ainda mora distante
deste bordel carnavalho
a droga a erva o bagulho
Tietê um tonto espantalho
Delírio 3
nossas palavras escorrem
pelo escorrer dos anos
estradas virtuais fossem algaravias
nosso desejo que não se concreta
e
eu tenho a fome entre os dedos
a sede entre os dentes
e a língua sobre a escrita
que ainda não fizemos
e o que brota desse amor latente
se o desejo é tua boca
no lençol dos dias?
pelo escorrer dos anos
estradas virtuais fossem algaravias
nosso desejo que não se concreta
e
eu tenho a fome entre os dedos
a sede entre os dentes
e a língua sobre a escrita
que ainda não fizemos
e o que brota desse amor latente
se o desejo é tua boca
no lençol dos dias?
Delírio 4
não sou iluminista nem pretender
eu quero o cravo e a rosa
cumer o verso e a prosa
devorar a lírica a métrica
a carne da musa
seja branca negra amarela
vermelha verde ou cafuza
eu sou do mato
curupira carrapato
sou da febre sou dos ossos
sou da Lira do Delírio
São Virgílio é o meu sócio
Pernambuco Amaralina
vida breve ou sempre vida/severina
sendo mulher ou só menina
que sendo santa prostituta
ou cafetina devorar é minha sina
e profanar é o meu negócio
eu quero o cravo e a rosa
cumer o verso e a prosa
devorar a lírica a métrica
a carne da musa
seja branca negra amarela
vermelha verde ou cafuza
eu sou do mato
curupira carrapato
sou da febre sou dos ossos
sou da Lira do Delírio
São Virgílio é o meu sócio
Pernambuco Amaralina
vida breve ou sempre vida/severina
sendo mulher ou só menina
que sendo santa prostituta
ou cafetina devorar é minha sina
e profanar é o meu negócio
Delírio 5
- essa estrada que vai dar
no mar dos teus mistérios
ou
essa estrada que vai dar
no mar dos teus silêncios
ou
apenas o caminho para o mar
na coluna vertebral
dos teus suplícios
ou
o poema puro ofício
de te oferecer amor, meu vício
e te querer estrada. sim
no mar dos teus mistérios
ou
essa estrada que vai dar
no mar dos teus silêncios
ou
apenas o caminho para o mar
na coluna vertebral
dos teus suplícios
ou
o poema puro ofício
de te oferecer amor, meu vício
e te querer estrada. sim
Federico Budelaire – viagens insanas
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Horizonte Nu
Ségio Bernardo foi um dos poetas que me chamaram atenção no III Festival aberto de Poesia Falada de São Fidélis, com os seus poemas Horizonte Nu, Esboço Para Uma Metamorfose e O Nada Universal. Apresentados na fase semi-final dia 16 último, com leitura do próprio Sérgio Bernardo, Horizonte NU e O Nada Universal se classificaram para a fase final recebendo da Comissão Julgadora o prêmio de Menção Honrosa.
Leiam no link abaixo uma entrevista dele concedida a Selmo Vasconcelos para o blog http://antologiamomentoliterocultural.blogspot.com
Horizonte NU
a água esconde um mar de sêmen
e a espuma lambe os pés com língua de sal.
Soubesse antes do horizonte nu,
teria me inaugurado na linha do oceano,
jamais entre as paredes de uma casa.
Casas degolam liberdades.
Mas ao vento marítimo todos os rumos são possíveis:
as algas ensinam caminhos múltiplos
aos passos indecisos do pensamento.
Soubesse antes da solidão atlântica,
o mofo dos dias submergia nela
e a inquietude urbana viria para um banho de sol,
deixando vazias as ruas e as pessoas.
Ruas têm sempre esquinas
e pessoas sempre se impõem limites:
ambas não conhecem o dialeto infinito da distância.
Aqui, junto às ondas, se decifra o idioma dos náufragos.
Porque apenas vozes afundadas no desconhecido
narram como claridade a vida.
Lá atrás fica o fim do horizonte,
existe um cardume perdido com roupas sobre a pele.
Lá está a resposta que o sangue vomita.
Há mais casas que céu, mais poeira que gotas
E um chão sem areia morna nem cheiro de maresia.
Nesse lugar, o futuro é um peixe nascido sem nadadeiras.
Sérgio Bernardo – Nova Friburgo - RJ
sexta-feira, 16 de setembro de 2011
MORTE E VIDA SEVERINA
Estréia em 28 de setembro.
Apresentações às quintas, sextas, sábados às 20:30 h
Domingos às 19 h
ATÉ 11 DE DEZEMBRO
Ingressos: Quintas e sextas: R$15,00 a meia e R$30,00 a inteira.
Sábados e domingos: R$ 20,00 a meia e R$40,00 a inteira.
Adquira seu ingresso com antecedência na bilheteria do teatro
São apenas 173 poltronas numeradas
Horário de Funcionamento: de segunda a sexta de 14 h em diante
Aos sábados e domingos a partir de 16 h.
Abraços
Pedro Paulo Cava e Ana Gusmão
trem da consciência
Trem da Consciência
Não espere que eu fale só de estrelas
Ou do vinho feliz
Que eu não tomei
Porque
Fora de mim
Não levo além da sombra
Uma camisa velha
E dentro do peito
Um balde de canções
Uma gota de amor
No útero de uma abelha
Ou do vinho feliz
Que eu não tomei
Porque
Fora de mim
Não levo além da sombra
Uma camisa velha
E dentro do peito
Um balde de canções
Uma gota de amor
No útero de uma abelha
Não repare se eu não frequento o clube
Dos que sugam o sangue das ovelhas
Ou amargam o mel
Dessa colméia
É que eu já vivo
Tão pimenta
Tão petróleo
Que se você acende os olhos
Me incendeia
Dos que sugam o sangue das ovelhas
Ou amargam o mel
Dessa colméia
É que eu já vivo
Tão pimenta
Tão petróleo
Que se você acende os olhos
Me incendeia
Hoje em dia
Pra gente amar de vera
É preciso ser quase
Um alquimista
Ou talvez o maquinista
Do trem da consciência
Pra te amar com tanta calma
E com tanta violência
Pra gente amar de vera
É preciso ser quase
Um alquimista
Ou talvez o maquinista
Do trem da consciência
Pra te amar com tanta calma
E com tanta violência
Que a tua alma fique
Toda ensanguentada
De vivência
Toda ensanguentada
De vivência
Poema de Salgado Maranhão musicado por Vital Lima e cantado por Zeca Baleiro, no vídeo Érica Ferri filmado por Artur Gomes em Bento Gonçalves.
Artur Gomes
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Fulinaíma Produções
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quinta-feira, 15 de setembro de 2011
Qualquer lá no Teatro Renascença
primeiro disco solo da cantora Dani Rauen
Acontece dia 1o de outubro, no Teatro Renascença, o lançamento do primeiro disco solo da cantora Dani Rauen, Qualquer lá.
Dani Rauen começou sua carreira em 1999 como vocalista da Suco Electrico. E foi à frente da Suco Electrico que fez escola no palco, pegou a estrada, chegando a tocar no circuito Banco do Nordeste e a abrir o show do mutante Arnaldo Baptista em Porto Alegre, além de participar de programas e festivais como “Covernation” da MTV, Festival Morrostock, Festival Grito Rock e de lançar sete discos entre demos, EPs e oficiais.
Após dez anos de Suco, Dani Rauen desengavetou um antigo projeto: Fazer um disco de interpretações. Um disco onde pudesse rir e cantar a dor de cotovelo. Desplugou as guitarras e deu outra perspectiva para músicas que fizeram parte de sua vida.
Composto de interpretações e releituras, o disco nasceu da vontade de experimentar outras vertentes além do rock e de se reinventar como intérprete.
A busca do repertório foi em cima de músicas com potencial de transformação. Bandas de rock, antigos parceiros, material da própria Suco serviram como base para a criação deste novo universo.
Este foi o desafio assumido por Toneco da Costa, diretor musical e arranjador do disco. Qualquer lá traz músicas de bandas como Laranja Freak, Frida, Acústicos & Valvulados, Véspera, Suco Eléctrico, além de outros compositores como Zé Caradípia, Murilo Biff, Rodrigo Bittencourt. O repertório conta ainda com Confissões de Amor – música de domínio público – composta por Sinhô (José Barbosa da Silva), um dos grandes nomes do samba da década de 20.
Nelson Coelho de Castro faz uma participação especial na sua própria música, Quando eu feri.
Nelson Coelho de Castro faz uma participação especial na sua própria música, Quando eu feri.
Qualquer lá – uma das duas faixas autorais –, nascida durante as gravações, tem letra de Dani Rauen e música de Toneco da Costa. A música acabou dando nome ao disco por conter a sua essência; a música fala de tomar caminhos diferentes, desconhecidos e seguir para qualquer lá.
Serviço
O que: Dani Rauen lança seu primeiro disco, Qualquer Lá
Quando: Dia 1o de outubro, sábado, às 21 horas
Onde: Teatro Renascença – Av. Érico Veríssimo, 307
Quanto: R$20 no local
Ingressos antecipados: R$15 na Palavraria – Vasco da Gama, 165
quarta-feira, 14 de setembro de 2011
Samba e cultura no mercado
90 anos do Mercado Municipal de Campos
Hoje a partir das 18:oohs com os grupos Roni Águia e o Quarteto Samba, Arquitetura do Samba, Capoeira e Samba de Roda com a Associação dos profissionais de Capoeira do Norte Fluminense, Navio Negreiro, Afro-Arte Brsil Memorial Mestre Dendê.
Apoio Cultural: Jornal e Instituto O Papel e Kanal Produções
Mercado Municipal
Rua Tenente Coronel Cardoso/Rua Barão do Amazonas
Centro
Centro
O Mercado Municipal trocou de local três vezes, de acordo com as mudanças que ocorreram na cidade. Primeiro funcionou nas proximidades do Porto das Barcas do Rio Paraíba do Sul, que era onde tinha grande movimentação de pessoas e de cargas. Depois foi para a rua Oliveira Botelho, que até hoje os mais antigos moradores chamam de rua do Mercado. Entre a década de 40 e 50, o Mercado funcionou no largo onde atualmente é a Praça Chá-Chá-Chá.
Finalmente mudou-se para o atual local, anos após parte de um lago ter sido aterrado, com terra que foi retirada do morro onde se construiu o Liceu de Humanidades de Campos. O que deu origem ao mercado foi a iniciativa do feirante, Antônio João de Faria, que no início do século 20 tirava legumes, bananas, laranjas do porto e ia vender ali no aterro, que se formou uma grande terreno na área central. Outros feirantes vieram e, depois, deu orígem ao Mercado Municipal.
Finalmente mudou-se para o atual local, anos após parte de um lago ter sido aterrado, com terra que foi retirada do morro onde se construiu o Liceu de Humanidades de Campos. O que deu origem ao mercado foi a iniciativa do feirante, Antônio João de Faria, que no início do século 20 tirava legumes, bananas, laranjas do porto e ia vender ali no aterro, que se formou uma grande terreno na área central. Outros feirantes vieram e, depois, deu orígem ao Mercado Municipal.
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