segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Horizonte Nu


Ségio Bernardo foi um dos poetas que  me chamaram atenção no III Festival aberto de Poesia Falada de São Fidélis, com os seus poemas Horizonte Nu, Esboço Para Uma Metamorfose  e O Nada Universal. Apresentados na fase semi-final dia 16 último, com leitura do próprio Sérgio Bernardo, Horizonte NU e O Nada Universal se classificaram para a fase final recebendo da Comissão Julgadora o prêmio de Menção Honrosa.

Leiam no link abaixo uma entrevista dele concedida a Selmo Vasconcelos para o blog http://antologiamomentoliterocultural.blogspot.com

Horizonte NU



 Aqui o litoral seduz o corpo,
a água esconde um mar de sêmen
e a espuma lambe os pés com língua de sal.

Soubesse antes do horizonte nu,
teria me inaugurado na linha do oceano,
jamais entre as paredes de uma casa.

Casas degolam liberdades.
Mas ao vento marítimo todos os rumos são possíveis:
as algas ensinam caminhos múltiplos
aos passos indecisos do pensamento.

Soubesse antes da solidão atlântica,
o mofo dos dias submergia nela
e a inquietude urbana viria para um banho de sol,
deixando vazias as ruas e as pessoas.
Ruas têm sempre esquinas
e pessoas sempre se impõem limites:
ambas não conhecem o dialeto infinito da distância.

Aqui, junto às ondas, se decifra o idioma dos náufragos.
Porque apenas vozes afundadas no desconhecido
narram como claridade a vida.

Lá atrás fica o fim do horizonte,
existe um cardume perdido com roupas sobre a pele.
Lá está a resposta que o sangue vomita.
Há mais casas que céu, mais poeira que gotas
E um chão sem areia morna nem cheiro de maresia.

Nesse lugar, o futuro é um peixe nascido sem nadadeiras.

Sérgio Bernardo – Nova Friburgo - RJ

Um comentário:

  1. Puxa! Que belo poema! Que imagens fantásticas o Sérgio "inventou de criar": o futuro é um peixe nascido sem nadadeiras: um verdadeiro achado poético.

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