Assim como diversos artistas fazem todos os dias nos gramados do Brasil, o artista plástico Adriano Ferraioli promove uma tremenda pintura, daquelas que tiram o fôlego de qualquer torcedor. Nesta época, de quatro em quatro anos, a Copa do Mundo desperta a atenção de todo o mundo. Enquanto os olhos dos telespectadores de plantão estão voltados para a TV, os do artista estão vidrados na arte, fazendo com que o maior evento esportivo consiga caber em uma tela.
Essa realidade é evidenciada através das 12 obras de artes, pintadas em apenas 15 dias, e que foram expostas no SESC/Campos pelo nosso colunista/colaborador, o artista plástico e professor universitário Adriano Ferraiouli. Essa exposição é um retrato dos meus 10 anos de carreira. Não sou muito adepto do futebol, no entanto sempre gostei de desafios. Outro fato que dificultou um pouco mais o meu trabalho foi eu não ter usado pincéis ou lápis. Apenas a técnica do espatulado, o que dificulta ainda mais o trabalho de figuração, conta.
Além dos quatro times de maior representatividade no Rio de Janeiro (Fluminense, Bota Fogo, Vasco e Flamengo), o artista teve a destreza em se preocupar com os principais times da cidade.
Como campista nato que sou, não poderia deixar de fora o Americano e o Goytacaz. Esses dois times me possibilitaram diversificar os tons e me aproximar mais dessa cultura de massa, relata.
Diversos craques foram cuidadosamente selecionados e pintados para representar os times e a seleção brasileira. Adriano diz que, para a realização desta exposição, ele contou com a ajuda de dois grandes amigos. O papel de Victor Hugo Teixeira e do meu pai, José Antônio Ferraioli, foi fundamental para que tudo desse certo. Eles me auxiliaram diretamente na escolha dos jogadores e nas cores de fundo que devia aplicar em cada pintura, acrescenta o artista, ressaltando que Pelé, Sócrates, Rivelino, Zico, Bebeto, Romário, Ronaldinho Gaúcho e Fenômeno foram alguns dos destaques.
Esta foi a primeira vez em que realizei uma exposição relacionada ao esporte. Procurei dar movimento em cada quadro, afirma. A abertura da exposição ocorreu no dia 9 de junho, quando cerca de 300 pessoas marcaram presença no SESC/Campos, e terá continuidade até o dia 31 de julho.
Uma razão toda sentimento
O mal seria parte integrante e inseparável do bem? A vida seria uma piada de mau gosto?- Milton Canabrava de Oliveira Matoso.
Se a pós-modernidade é, em essência, a maturação da perda da onipotência, como disse a cintilante Nízia Vilaça, em Paradoxo do Pós-Moderno, o nosso tempo é a aceitação madura do triunfo do feminino. O feminino entendido como o desvio, como o instável. Mais que isto: como questionamento da verdade. É evidente que houve também em outras épocas a problematização da verdade. Blaise Pascal, como que ferindo de morte a sua própria concepção teológica, chamava a atenção, lá pelo século XVII, que o contrário da verdade não é o erro, mas uma verdade contrária. E o físico atômico Niels Bohr repetiu, no século XX, o princípio da tolerância de Pascal, assinalando que o contrário de uma verdade profunda não é um erro, mas outra verdade profunda. E complementa: quando estamos a par disso, embora tenhamos a nossa opinião, permanecemos tolerantes.
Tal posicionamento, dominante na pós-modernidade, como que joga no chão a crítica mordaz que Georges Bernanos, nos meados do século XX, fez, numa instigante metáfora, a esse relativismo. Trata-se da criação de um personagem, que reunia no âmago de sua alma o Sim e o Não. Ambos com a mesma potência e o mesmo esplendor. O célebre Monsieur Ouine, nome composto de Oui (Sim) e Non (Não), que tirava das pessoas o sentido do Bem e do Mal, não nos fazendo mais identificar no objeto o princípio da identidade da lógica clássica.
A própria axiologia vem aceitando em nosso tempo essa mistura de valores. Daí Eduardo Bittar, com a sua inquestionável autoridade acadêmica, ponderar que o saber ético não é o estudo das virtudes, ou o estudo do bem, mas o saber acerca das virtudes e dos vícios humanos, e das habilidades para lidar com uns e com outros. Induvidosamente, a concepção estática da realidade é coisa do passado. Vive-se há muito a era da trilogia hegeliana. Sabe-se ainda que o percurso dialético não é um círculo vicioso, mas algo que nos leva de passagem a passagem para sínteses, que significam etapas aprimoradas, às vezes até mais ricas, apesar dos choques, lutas e saltos, que lhe dão o ritmo dinâmico.
Daí a antítese ajustar-se à tese e esta amoldar-se à antítese e com isto engendrando a síntese, como que enriquecida pelas suas antecessoras. Pode-se concluir, porém, que o real como processo, ainda que signifique ponderáveis conquistas humanas, nos leva também à dúvida e à incerteza. E, em conseqüência, assusta. Assusta, sobretudo, quando, questionando o sujeito masculino universal da razão, coloca a mulher como paradigma deste questionamento da verdade. O ser humano, imbuído da concepção pós-moderna, pisa, assim, em terreno movediço, para não se dizer que caminha sobre ovos lançados sem rumo no ar.
Que me perdoem Hegel, Nietzsche, Derrida e Lacan, mas, embora homem do meu tempo, não é essa, por exemplo, a sensação que tenho ao colocar no colo a minha doce netinha de sete anos. Ah, Maria Júlia! Como você me distancia das meias certezas modernas e pós-modernas, sobretudo da psicanalítica tese do caráter de estranheza do feminino. Você tem, com a sua inocência, o condão de me abrir os olhos, levando-me a outras esferas, alçando-me às grandes certezas movidas pela Esperança. As inabaláveis certezas da Esperança Te ologal.
Ah, Julinha! Como o seu rostinho mimoso me faz sentir os pés no chão. Ah, Juju! Como você me leva a captar algo bem além das estrelas, das galáxias e dos universos paralelos. Ah, meu Anjo! Como você, mesmo sem o saber, tem o poder de me fazer escutar, atento e embevecido, os acordes de uma sonata divina.
Fernando da Silveira
Fernando da Silveira, Mestre em Comu-nicação Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, é professor da Faculdade de Direito de Campos e da FAFIC e membro da Academia Campista de Letras.
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