quinta-feira, 15 de julho de 2010

Pizza de marmelada está em falta


Quando recebi da redação a sugestão de fazer um registro, através de matéria, do Dia dedicado à pizza (10 de julho), abordando o seu sucesso internacional, independente de qual seja o paladar predominante nos países espalhados pelos cinco continentes, achei interessante e fui remetido aos anos 70, quando morava em São Paulo, a capital da pizza na América do Sul, e senti uma pontada de saudade do Comilão, no Bexiga.

O Restaurante Comilão era um verdadeiro templo gastronômico quando a escolha recaía sobre a pizza. A casa oferecia um cardápio colado a uma folha de compensado de, aproximadamente, 1 metro de comprimento por 40 centímetros de largura, em que, de um lado, as ofertas de pizzas de carnes das mais variadas, inclusive as exóticas, somavam um número em torno de 100 tipos, enquanto do outro lado, o cardápio oferecia uma enorme variedade de recheios vegetarianos, na época, um fato raro.

Acompanhava, logo abaixo das opções vegetarianas, uma oferta considerável de recheios doces que levavam os comensais, principalmente a ala feminina, ao delírio. Ia de abacaxi com creme de ameixa à marmelada com ricota esfarelada, decorada com folhas de hortelã. Ôpa, falei marmelada? Esta pizza tem sabor contemporâneo, e me remete, então, de volta a nossa capital nacional da pizza, como preconiza o festejado economista Victor José Parente, e merece um tempero especial para que, quem sabe, ao longo da degustação, eu possa entender melhor o que se passava na alma brasileira quando escolheu a palavra pizza para designar a impunidade na administração pública corrompida em nosso país, premonizando sempre indignado: Isto vai acabar em pizza.

Primeiro, procurei me informar qual a forma correta de definir, no nosso idioma, a expressão Vai acabar em pizza, e encontrei estudiosos da língua portuguesa (com licença, Dra. Arlete Sendra) qualificando a frase como um dos mais expressivos recursos da linguagem quando se quer definir como uma translação de significados por proximidade de ideias, à qual se dá a denominação de metonímia, uma figura de linguagem.

Fico entusiasmado, a partir do momento em que entendo os extraordinários recursos de nossa língua e o seu uso, associados ao humor crítico do povo brasileiro, como neste caso, para mostrar a sua indignação quanto ao comportamento aético e a improbidade administrativa que saqueia os cofres públicos, e sonho com a possibilidade de um dia poder voltar ao Comilão, em São Paulo, e perguntar ao garçom, diante daquele imenso cardápio: Qual a sua sugestão, entre tantas pizzas? E ele possa responder: Todas, menos a de marmelada. Esta não existe mais no cardápio brasileiro.

Sylvio Muniz
Sylvio Muniz é publicitário (05855-SP-1975), fundador, editor e proprietário do Jornal Mania de Saúde e Conselheiro da Ordem dos Jornalistas do Brasil.


O Google Campista

Se levarmos em consideração a frase de Cícero, célebre filósofo romano, que diz que os livros são o alimento da juventude, podemos dizer que o Dr. Wellington Paes é um jovem mais do que vigoroso e apaixonado pela leitura.

Colecionador de obras de autores campistas e materiais jornalísticos relacionados à cidade, Dr. Wellington tornou-se referência em pesquisas sobre Campos, já que é procurado constantemente por estudantes, universitários e pesquisadores, que veem em seu acervo uma fonte ideal de estudo.

Campos tem um passado imensamente valioso. Isso me motiva a perpetuar sua memória. Minha coleção é apenas fruto desse desejo, disse Dr. Wellington, orgulhoso. O interesse pelos materiais começou nos anos 40, por influência do professor e acadêmico Walter Siqueira, que era ligado às artes. Dr. Wellington relata que o convívio com pessoas como Walter foi fundamental para que ele tomasse gosto pela ideia.

Tive muita influência do professor Walter Siqueira, que era o homem mais culto da minha geração. Ele me incluiu num círculo fantástico de amizades literárias. Em 1980, comecei a organizar a biblioteca, que ganhou essa proporção depois que o jornalista Latour Aroeira e o comerciante José Francisco de Carvalho doaram materiais importantíssimos e numerosos. A ajuda deles também merece destaque, explicou.

Na biblioteca de Dr. Wellington, consta a produção ensaística de inúmeros jornalistas da cidade, jornais e livros de todos os autores campistas, além da primeira lista telefônica, documentos da era escravocrata, guias e coleções, que formam uma fonte de pesquisa maior do que muitas instituições públicas da região. É uma forma de guardar a memória da cidade. Até hoje recorto jornais, procuro livros e guardo. Pode não ter importância agora, mas, daqui a uns 80 anos, terá um valor inestimável, afirma o colecionador.

Outra curiosidade revelada por ele é a coleção do Mania de Saúde e de todos os artigos dos colunistas do Jornal, inclusive do editor e fundador, Sylvio Muniz. Acho que o Mania de Saúde possui uma importância única no interior do Estado. Além de uma linha editorial jornalística de qualidade, tem célebres articulistas, cuja produção também faço questão de guardar, afirma.

Mesmo em um mundo cada vez mais tecnológico, e numa cidade em que tanto se fala de perda de memória, a paixão de Dr. Wellington pelos livros mostra a importância que a leitura tem na vida do homem, já que é a palavra que o permite relatar suas ações no mundo ao narrar a eterna magia que é viver.


Como anular a auto-medicação

Dizem que o brasileiro não tem jeito. Pelo contrário: tem jeitinho. É por isso que, entre outras coisas, ele tem a mania de querer resolver as coisas por sua própria conta e risco, sem pedir ajuda a certos profissionais que poderiam encaminhá-lo para uma resolução segura e qualificada. Porém cada ação impensada tem suas consequências e, quando se fala em automedicação, elas podem ser mais graves do que se imagina.

Pelo menos é o que afirma a farmacêutica e proprietária da Farmácia Vida, Dra. Cristina Guzzo, que analisa com cautela a questão da automedicação no Brasil. Segundo Dra. Cristina, as causas do problema, que atinge grande parte da população, têm raízes culturais. Há algum tempo, a propaganda de remédios não tinha muita regulamentação. Os medicamentos eram apresentados na mídia em geral como se fosse um artigo qualquer. Isso tem diminuído, nos últimos tempos, por meio da Anvisa, que vem regulamentando esse tipo de propaganda. Mas deixou muitas marcas no inconsciente da população, opinou a farmacêutica, que ressalta outras possíveis causas do problema.

Há ainda a questão da saúde pública. A falta de acesso que as pessoas têm ao médico, nos hospitais e nos postos, faz com que elas busquem soluções por conta própria. Se um cidadão está com dor, por exemplo, mas não consegue marcar uma consulta imediata, ele não vai querer continuar com a dor. Vai tentar resolver por conta própria. E aí entra o risco da automedicação, porque o paciente acredita que está tratando o problema quando, na verdade, está mascarando, declarou Dra. Cristina. A realidade, no entanto, vem garantindo transformações. De acordo com a farmacêutica, o trabalho da Anvisa tem sido uma grande aliada no combate à automedicação no país.

Mesmo com esses problemas, sou otimista em relação ao futuro, porque tem havido uma grande exigência para que as farmácias tenham cada vez mais profissionais farmacêuticos presentes. Isso diminui os casos de automedicação, pois, com o farmacêutico sempre presente, ela é inibida, disse. Dra. Cristina explica ainda que, nas farmácias de manipulação, os casos de automedicação são praticamente nulos, já que os medicamentos não são disponibilizados diretamente para venda. Na manipulação, não temos o medicamento pronto, pois só trabalhamos mediante prescrição médica. A receita, então, é mais do que uma exigência.

Outra coisa importante é que, nesse meio, os medicamentos têm validade menor. Então a pessoa não consegue criar a famosa farmacinha dentro de casa, complementa. Questões culturais à parte, o que vale ressaltar é a importância da consciência dos riscos que a automedicação pode suscitar, pois, num mundo cada vez mais informado, a falta de zelo com a própria saúde pode revelar um diagnóstico nada aprazível. O bom senso é fundamental.



Dicas da Pelle


Estrias são lesões irreversíveis e, portanto, não existe um tratamento que faça a pele voltar totalmente ao normal. Os tratamentos visam melhorar o aspecto das lesões, estimulando a formação de tecido colágeno subjacente e tornando-as mais semelhantes à pele ao redor. Para isso, várias técnicas podem ser empregadas, entre elas:

Tratamento com ácidos: alguns tipos de ácidos, especialmente o ácido retinoico, estimulam a formação de tecido colágeno, melhorando o aspecto das estrias. Pode haver descamação e vermelhidão, e a concentração ideal para cada caso deve ser definida pelo dermatologista, de acordo com o tipo de pele.

Peelings: tem a mesma ação dos ácidos, no entanto de uma forma mais acelerada e intensa, geralmente levando a um melhor resultado.

Subcisão (subcision): esta técnica consiste na introdução de uma agulha grossa, com ponta cortante, ao longo e por baixo da estria, com movimentos de ida e volta. O trauma causado leva à formação de tecido colágeno no local, que preenche a área onde o tecido estava degenerado. Provoca equimose (mancha roxa), que faz parte do tratamento, pois a reorganização do sangue também dá origem à formação de colágeno.

Dermoabrasão: o lixamento das estrias provoca reação semelhante à dos peelings, com formação de colágeno, mas com a vantagem de regularizar a superfície da pele, que ganha mais uniformidade.

Intradermoterapia: consiste na injeção, ao longo e sob as estrias, de substâncias que provocam uma reação do organismo estimulando também a formação de colágeno nas áreas onde as fibras se degeneraram. Além disso, a própria passagem da agulha provoca uma discreta subcisão.

Laser: a aplicação do laser provoca o fechamento dos pequenos vasos nas estrias avermelhadas e promove a formação de novo colágeno, com diminuição do tamanho das estrias recentes ou antigas.

Carboxiterapia: injeção de gás carbônico no tecido subcutâneo ou intradérmico, promovendo aumento de fluxo sanguíneo e estímulo de colágeno. Estes são procedimentos médicos e apenas os médicos devem indicá-los. Os melhores resultados costumam aparecer com a associação de mais de um método e dependem da experiência do médico com diversas técnicas. É necessário motivação dos pacientes, já que os resultados são bastante variáveis, e a longo prazo. Deve ser evitada a exposição solar durante estes tratamentos.

Dra. Ana Maria Pellegrini
Dermatologista e responsável técnica pela PELLE

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